NO TEMPO DO SPUTNIK E EM OUTROS TEMPOS MAIS

09/08/2021 18:48:07
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Atualmente, em meio a tantas vacinas contra a covid-19, como a Coronavac, a Oxford/ AstraZeneca, a Moderna, a Pfizer-Biontec, a Janssen da Johnson & Johnson, a que me chama a atenção é a russa Sputnik, nome do primeiro satélite artificial.

Produzido pelo programa espacial soviético, o Sputnik (em russo, significa “companheiro de viagem”), foi lançado em 4 de outubro de 1957, pela União Soviética, orbitando com sucesso, em torno da Terra. Em 3 de novembro do mesmo ano, foi lançado o Sputnik 2, levando a bordo a cadela Laika, uma vira-lata recolhida das ruas de Moscou – o primeiro ser vivo no espaço – que morreu por superaquecimento, causado por uma falha no motor. 

 Tais acontecimentos, inspiraram o diretor Carlos Manga a levar às telas, em 1959, a comédia “O Homem do Sputnik”, sucesso de bilheteria, com Oscarito, Zezé Macedo, Grande Otelo, Norma Bengell, Cyl Farney, Neide Aparecida, Jô Soares dentre outros.

Em 12 de abril de 1961, o cosmonauta russo Iuri Gagarin foi o primeiro ser humano a contemplar o nosso planeta do espaço, declarando “A TERRA É AZUL”, surpreendendo o mundo.

 Três semanas depois, em 5 de maio, foi a vez do cosmonauta norte-americano Alan Shepard Jr., dar a volta em torno da Terra. O lançamento deste último estava previsto para o mês de março, mas problemas técnicos causaram o adiamento.

 Em resposta a esta falha, o Presidente Jonh Kennedy, intensificando o Programa Espacial Apolo, anunciou num discurso, no Congresso Americano, em 25 de maio de 1961 a intenção de levar o homem à Lua, até o final da década de 1960 (seu objetivo seria alcançado, com sucesso, em julho de 1969, com a Apollo 11 e os astronautas Neil Armstrong, Buzz Aldrin e Michael Collins).

A corrida espacial foi um dos capítulos mais conhecidos da “Guerra Fria” (1947-1991), período de tensão política entre os Estados Unidos e seus aliados (Bloco Ocidental) e a União Soviética e seus aliados (Bloco Oriental, a “Cortina de Ferro”), pairando uma atmosfera de expectativa e desconfiança, no mundo.                   

Foi sob este clima, que ocorreu um fato inusitado com um turista que estava hospedado na Pensão Sete de Setembro (onde morei, na minha época de universitária), na Av. da Imperatriz, Centro Histórico de Petrópolis.  Ele era alto, de porte atlético, alourado, sempre com a sua importada máquina fotográfica, a tiracolo, se apresentando como Lee, pertencente à diretoria do tradicional Hotel Glória, no Rio. O que chamava a atenção é que, na calça jeans que ele usava, havia uma vistosa etiqueta de couro, gravada com o nome Lee. Ficávamos surpreendidos, pois só conhecíamos calça jeans, pelos filmes hollywoodianos, usados com destaque pelos atores Marlon Brando e James Dean.

 Certa tarde, quando eu e uma colega retornávamos à pensão, a proprietária D. Maria Depoli Lepsh, muito assustada, nos chamou, e disse:                                                                                                                                                                                                   – Vejam como está o quarto do Lee, todo remexido. A polícia esteve aqui e o levaram preso, achando que ele é um espião internacional.  Realmente.  As gavetas da cômoda estavam todas abertas e vazias, as roupas espalhadas pelo assoalho, o colchão revirado.  A máquina fotográfica foi aprendida, para a revelação do filme. Estaria ali registrada alguma imagem de um ponto estratégico da cidade?  Algo secreto ou confidencial? Ele ficou preso por alguns dias e D. Maria lhe fornecia as refeições, que eram levadas, com muito boa vontade, por um morador da pensão. Uma vez revelado o filme, ficou provado que o suposto agente secreto era, apenas, um entusiasmado turista, apreciador dos locais históricos e tradicionais da imperial Petrópolis. Mesmo desfeito o equívoco, o turista deu por encerrado o seu período de férias, na região serrana, antecipando o retorno à sua cidade de origem.

 A “Guerra Fria” continuava e o momento mais crítico se deu em 1962, quando aviões americanos U-2 sobrevoaram Cuba e constataram que estava sendo instalada ali, uma base de lançamento de mísseis soviéticos direcionados ao território dos Estados Unidos. O Presidente Kennedy deu um prazo ao líder russo Nikita Khruschev, para que as instalações fossem desativadas.

 Os dias foram passando e a União Soviética não cedia, não queria se submeter a uma ordem americana. Estava instalada a “Crise dos Mísseis”, que durou de 17 a 29 de outubro de 1962, e que ficaria conhecida como “Os Treze Dias Que Abalaram o Mundo”.  Neste período, o mundo viveu a expectativa de que o “Telefone Vermelho” tocasse e desencadeasse o terceiro conflito mundial, com o uso de armas atômicas, uma guerra nuclear. Na verdade, não se tratava de um telefone. Era assim chamado, mas era uma linha direta de comunicação entre URSS e EUA, um teletipo, uma espécie de máquina de escrever eletrônica, conectada a uma linha telefônica, durante a “Guerra Fria”.

Diante do impasse, a ONU convocou uma reunião do seu Conselho de Segurança para   promover as negociações, quando Khrushchev aceitou retirar os mísseis de Cuba, caso os Estados Unidos se comprometessem a desativar uma base militar na Turquia.

 Aceitas as condições por ambas as partes, o pesadelo de uma guerra nuclear mundial foi afastado, mas a “Guerra Fria” continuava.  

 No ano de 1987, foi dado um grande passo para assegurar a paz mundial. Negociações entre Ronald Reagan e Mikhail Gorbachev levaram à assinatura do “Acordo de Forças Nucleares Intermediárias”, que previa a remoção de parte do arsenal nuclear, até 1º de junho de 1991, para conter uma ameaça à segurança global (Foram destruídos 846 mísseis por parte dos Estados Unidos e 1846 mísseis por parte da União Soviética).

Um dos símbolos da “Guerra Fria”, o “Muro de Berlim” (com 155 km. de extensão, dos quais 43km. percorriam a capital alemã), que dividiu a cidade por 28 anos, dele resultando a Alemanha Ocidental e a Alemanha Oriental, foi destruído de 9 para 10 de novembro em 1989, dando início à reunificação da Alemanha.  A sua queda foi causada, por uma notícia equivoca dada a um repórter, por um porta-voz da Alemanha Oriental, levando uma multidão estimada em cento e tantas mil pessoas a destruí-lo.

  Depois de 69 anos, em 26 de dezembro de 1991, chegou ao fim a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (causado por crises econômicas e políticas), quando o Soviete Supremo -a mais alta instância do seu Poder Legislativo – reconheceu a independência das 15 antigas repúblicas que a compunham. Surgiu, então, a Federação Russa.       

                                               A “Guerra Fria”, finalmente, estava encerrada.

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