Por que a indústria de TI é contra o decreto do Trump que proíbe imigração?

19/02/2017 19:18:38
Compartilhar

A indústria de TI faz parte da chamada indústria criativa. Criatividade é insumo fundamental para que as empresas do Vale do Silício continuem criando serviços inovadores, os quais transformam nossas vidas.

Diversidade gera criatividade. Barrar imigrantes prejudica a entrada de maneiras de pensar diferentes da norte-americana e europeia.

Por esse motivo, mas não só por isso, houve um protesto grande promovido por Google, Facebook, Microsoft, entre outras.

Também explica um pouco o motivo de parte da indústria cinematográfica ter feito alguns protestos contra o mesmo decreto, pois também faz parte da indústria criativa.

Há também outro fato que faz com que profissionais de TI sejam mais tolerantes a diferentes culturas.

Quem não é da área pode não saber, mas muitas dessas empresas costumam ter equipes espalhadas pelo planeta trabalhando em conjunto em um mesmo projeto. Através de videoconferências, acabam vendo e conversando com uma pessoa que está em outro continente mais até que com um colega que está na sala ao lado.

O dia a dia dessas empresas é assim, colocando pessoas de países diferentes para conviverem virtualmente próximas. Isso faz com que as diferenças sejam parte do cotidiano.

Não só as equipes de desenvolvimento, mas as empresas de TI como um todo trabalham pensando globalmente. O designer tem que criar um layout que agrade a todos. Os sons e músicas que os aplicativos emitem têm que ser agradáveis e não ofensivos para todas as culturas. As fotos, o material publicitário, enfim tudo tem que estar de acordo com um gosto planetário. Essas empresas ganham com quantidade de usuários, então não podem se dar ao luxo de perder algum povo de algum país, por mais exótico que seja.

Essa mesma mudança que os profissionais de TI sofreram, de passarem a achar natural ter diferenças, creio que ocorrerá com os mais jovens.

Pessoas da minha geração (e mais velhos) se gabam por terem curtido a infância com brincadeiras “presenciais”, ou seja, brincadeiras como pique, queimada, futebol, entre outras, que exigem a proximidade geográfica com os colegas. Não é minha intenção questionar ou avaliar qual melhor forma de interação, mas fazia com que as crianças só convivessem com outras próximas. Não preparavam para um mundo globalizado.

Hoje, meu filho joga pelo computador com outras crianças que estão em outras cidades, outras regiões do país, e até em outros países. Ele faz parte de uma geração que crescerá com um conceito de fronteira geográfica diferente da nossa.

Acredito que quando essa geração crescer, o mundo conviverá melhor com a diversidade. As pessoas provavelmente serão menos bairristas, e é possível que tenhamos um mundo mais criativo. Quem sabe até, da mesma forma que a indústria de TI, uma maior colaboração entre povos, promovendo trabalhos colaborativos bastante interessantes.

Compartilhar