Instituição nascida de uma tempestade, em 1858, numa travessia marítima Lisboa-Buenos Aires, a banda Euterpe Friburguense completou seu 153º aniversário, no sábado, 27, sendo surpreendida por chuva forte que caiu na cidade, e que transferiu da praça Getúlio Vargas para sua sede (casarão da Av. Euterpe, que completa um século em dezembro deste ano), o primeiro concerto da série ‘Banda na Praça’ de 2016, realização conjunta à Prefeitura, através da Secretaria de Cultura.
Fruto da promessa de seu fundador, maestro português Samuel Antonio dos Santos, a Santo Antonio, a banda Euterpe Friburguense chegou ao seu 153º aniversário na última sexta-feira, 26/2, sendo que a chuva forte que se precipitou sobre a cidade não foi motivo para comprometer as festividades.
Prestigiando o evento, a secretária Cristina Sacchetto (Cultura) ressaltou o potencial da música, em todos os níveis, destacando-a como o principal produto da cadeia produtiva da cultura em Nova Friburgo. Ressaltando o nível e a qualidade da banda, que acabara de ouvir e que assistira em concertos anteriores do ‘Banda na Praça’, a Secretária de Cultura se inspirou na frase “Impossível viver sozinho”, da música ‘Wave’ (Tom Jobim) para fazer uma analogia com a agremiação musical. Ela ainda se reportou à homenagem feita ao pintor Guignard, contando que, como boa mineira, teve a felicidade de conhecer pessoalmente o artista, que passava uma imagem muito grande de humildade.
Falando ainda sobre a banda e o potencial da cidade para a cultura, Sacchetto defendeu a música como o maior atrativo da cadeia produtiva do segmento local: – As bandas, não só as nossas sesquicentenárias, mas também as bandas de todos os estilos, as de rock, os grupos e diversos cantores que a cidade possui, constituem, realmente, um grande potencial. – disse a Secretária.
Concerto dedicado a Guignard
Sob a regência do maestro titular Nelson José da Silva Neto, o concerto que marcou a comemoração do 153º ano da banda e o Dia Friburguense da Cultura (26/2), criado em 2003, através da Lei Municipal 3.244, de autoria o então vereador Jorge Carvalho, euterpista histórico, também foi dedicado a um friburguense ilustre: Alberto da Veiga Guignard, um dos mais importantes pintores brasileiros do século XX, cuja data de nascimento completou na mesma semana, 25/2, 120 anos.
Guignard nasceu em Nova Friburgo. Aos 11 anos foi morar na Europa, com a mãe (que ficara viúva) e o padrasto, um barão alemão. Voltaria ao Brasil 20 anos depois, instalou-se no Rio, depois Belo Horizonte (a convive do então prefeito da Capital mineira, Juscelino Kubistchek) e Ouro Preto, onde faleceu, a 25 de junho de 1962. Na década de 1940, Guignard morou em Nova Friburgo, no solar Savory – Mury, de onde trocava cartas com o amigo Cândido Portinari exaltando sua terra natal.
Apresentando em seu repertório o ‘Dobrado dois corações’ (Hino das Bandas do Brasil), de Pedro Salgado; a ‘Bela e a Fera’, ‘The time of my life’, ‘Wave’, ‘Sinatra in Concert’, ‘Seleção Tim Maia’ e Bacharach and Hal David, o espetáculo contou ainda com a estréia na banda principal de uma jovem musicista: a trompista Gabriele Amaro Alves que tocou junto com pai, Leandro Alves, instrumentista de tuba.
Após o concerto, assembléia do Conselho Deliberativo, conduzida pelo presidente Jorge Luiz Ribeiro de Carvalho deu posse à nova Diretoria, tendo como Presidente do Conselho Diretor, o sociólogo Paulo Benitez da Silva.
Compondo a mesa, além do presidente reeleito e os presidentes dos conselhos deliberativo e fiscal, este último Laênio Stutz Pereira, estavam a secretária de Cultura do Município, Maria Cristina da Paz Sacchetto e o vereador Gustavo Barroso. Antes das formalidades da posse, a banda Euterpe executou os hinos: Nacional, de Nova Friburgo e da Sociedade Musical Euterpe Friburguense, este de autoria de Fausto Zosne. Antecedendo os pronunciamentos, foi lido o termo de posse, em seguida assinado pelos diretores empossados.
Da Austrália e da Carolina do Norte
As festividades da Euterpe contaram com duas presenças internacionais. Além do estudante intercambiário Kynon Hickman, de Melbourne (Austrália), que é ciceroneado na cidade pelo vereador Gustavo Barroso e sua mulher Prissi Cordeiro, a tradutora Zilda Souza de Paula, reside na Carolina do Norte e está passando uma temporada no Rio de Janeiro. Encantada com a apresentação da Euterpe, contou que estava em Rio das Ostras, onde soube que aconteceria o concerto da banda numa das praças da cidade. Ela não pensou duas vezes: embarcou num táxi e veio assistir. Nem a chuva forte a impediu de estar na assistência do salão nobre da sede da Euterpe, onde fez questão – durante a confraternização de aniversário – de tirar várias fotos, inclusive com músicos e o maestro.
Diretoria
Além do presidente Benitez, integram a Diretoria: José Nilson da Silva (1º vice-presidente), José Augusto Vianna Lontra (2º vice-presidente), Francisco de Assis da Silva (Administração), Manoel Ricardo Salgueiro (Patrimônio), Carlos Magno Bastos (Finanças), André Furtado (Assuntos Legais), Nelson Alvarez de Souza (Relações Públicas), Francisco Rondon (Artístico-Cultural), Énio Pinheiro (Assistência aos Sócios Prestantes e Aspirantes), Sandra Pirazzo Burkhardt (Eventos e Atividades Sociais), Nelson José da Silva Neto (Dir. Escola de Música SAS) e Michelyne Silveira (Marketing).