Ambientalistas e o deputado estadual Carlos Minc (PT-RJ) promoveram um ato para conscientizar motoristas do Rio de Janeiro sobre os riscos de encher o tanque de gasolina “até a boca”. Ao pedir para que os frentistas abasteçam o tanque além da programação automática das bombas, eles expõem os profissionais a níveis até três vezes maiores de benzeno, substância considerada cancerígena.
O médico do trabalho Luiz Roberto Tenório explica que a exposição, ainda que pequena, causa problemas de saúde por ser diária e prolongada: “quando você manda encher o tanque [além do travamento], esse pouquinho [a mais] que passa faz com que o benzeno contamine os frentistas. E essa contaminação por benzeno é muito perigosa porque pode causar câncer de pulmão e é responsável por uma doença muito grave que é a leucemia”.
Tenório destaca que a contaminação crônica por benzeno pode levar a complicações no fígado e nos rins e causar insuficiência renal e depressão. Para os motoristas, não há riscos, já que a exposição não é prolongada.
A prática de abastecer além do travamento automático da bomba já é proibida por lei no estado. Em vigor desde 21 de janeiro deste ano, a Lei 6.964 de 2014 prevê multa de cinco mil Unidades Fiscais de Referência (Ufirs) – R$ 13.559 mil – para os postos de gasolina que descumprirem a legislação. O valor pode chegar a R$ 27.119 mil caso haja reincidência.
“Os cidadãos devem priorizar o transporte público e a bicicleta e, caso andem de carro, [utilizem] o álcool em vez da gasolina. A medição constatou que os níveis de benzeno expelidos chegaram a ser três vezes maiores quando o tanque foi abastecido até a boca”, afirmou o deputado Carlos Minc.
Para o vice-presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis, Lubrificantes e Lojas de Conveniência do Município do Rio de Janeiro (Sindcomb), é preciso que mais motoristas conheçam a nova legislação e a respeitem. Ele disse que, além de prejudicar a saúde dos frentistas, encher o tanque até a boca danifica a peça responsável por fazer o tanque “respirar”. “Tem um motivo ambiental e um motivo mecânico. Completar o tanque é uma coisa, encher até a boca é outra coisa”, argumentou.
Gerente do posto de gasolina em que foi feita a medição, Mônica de Souza, de 46 anos, trabalha em postos de gasolina há 14 anos e conta que os motoristas pedem com frequência para encher o tanque ao limite. “Insistem, brigam, mas a gente explica que pode prejudicar o carro dele e que não é certo, e eles entendem”.
Fonte: ciclovivo.com.br