A LGPD e as transformações em cascata
Creio que muitos já tenham ouvido falar na LGPD, Lei Geral de Proteção de Dados. Está vigente desde o ano passado, mas só a partir de 1º de agosto de 2021 começou a gerar sanções. Por não resultarem em punições até então, só agora que as empresas estão buscando a adequação às novas exigências. Muitas ainda nem começaram.
Como tudo o que é novo, está despertando muita apreensão. Mesmo tendo lei semelhante na Europa há alguns anos, não se sabe quais serão as consequências da sua implantação aqui no Brasil. Apesar de tudo muito incerto, mudanças assim podem servir como um motor de arranque para diversas outras transformações.
A LGPD prega que se pegue o mínimo de dados necessários das pessoas. Sendo assim, por que se costuma pedir título de eleitor ao se fazer uma contratação? Não há a necessidade dessa informação para se estabelecer um vínculo empregatício. Por que se pede certidão de casamento também?
Outra situação, muito desagradável por sinal, que deve mudar é o recebimento de ligações indesejadas de telemarketing. Muitas empresas desse ramo conseguem listas de telefone de forma irregular. Recebo uma enxurrada de ligações oferecendo empréstimos, também de operadoras me oferecendo planos de telefonia celular. Sempre pergunto como conseguiram meu celular, e digo que não autorizei o compartilhamento dos meus dados. Eles desconversam, e então desligam. Há a esperança de que esses telefonemas sejam reduzidos de forma bem acentuada por medo das multas que podem sofrer.
Temos aí dois exemplos em que a nova lei provavelmente trará mudanças. Talvez não de imediato, mas é certo que aconteça. Poderia ainda citar mais diversas situações em que, por força do hábito, se pede mais dados do que o necessário, ou se compartilha indevidamente os dados coletados.
Com o tempo, as empresas perceberão que devem olhar a LGPD não como uma inimiga, mas sim como um diferencial para se sobressaírem no meio da concorrência, e então mudanças acontecerão em cascata.
