BEATLES

12/11/2025 14:38:48
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Ah… o 30 de janeiro de 1969. Pra quem conhece a história é mais uma lembrança. Para quem não conhece, uma enciclopédia. Um dia frio e nublado em Londres, mas aquecido por algo mágico, quase sagrado — o último show dos Beatles. Era o topo do prédio da Apple Corps, no número 3 da Savile Row, e ninguém imaginava que aquele improviso seria a despedida ao vivo da banda que mudou o mundo.

Fico imaginando o quão maravilhoso foi esse evento para os policiais presentes. Como estão hoje, vendo que sem querer fizeram parte da história da maior banda do planeta. A maioria jovens, também fãs, mas que naquele momento tentavam impedir um show, a última apresentação ao vivo antes da separação dos Beatles!

John, Paul, George e Ringo — quatro amigos que haviam conquistado o planeta com canções sobre amor, juventude e sonhos — subiram até o telhado sem grandes anúncios, apenas para tocar juntos mais uma vez, como nos velhos tempos. Eles estavam cansados das pressões, das discussões, das expectativas… mas ali, por cerca de 40 minutos, tudo isso pareceu se dissolver.

O vento gelado batia nos casacos de pele e nos cabelos compridos, enquanto os acordes de “Get Back”, “Don’t Let Me Down”, “I’ve Got a Feeling”, “One After 909” e “Dig a Pony” ecoavam pelas ruas. As pessoas paravam nas calçadas, olhavam para o céu, tentavam descobrir de onde vinha aquele som familiar, aquele som que havia marcado uma geração inteira. Era como se Londres — e o mundo — respirassem Beatles pela última vez ao vivo.

E então, no fim, depois de um pequeno caos com a polícia tentando interromper o show, John Lennon olhou para o microfone e disse com um sorriso maroto:

“I’d like to say thank you on behalf of the group and ourselves, and I hope we passed the audition.”

Era o humor típico dele, mas também uma despedida cheia de afeto, como se dissesse: “Fizemos o melhor que pudemos. Obrigado por terem nos ouvido.”

Aquele show no telhado não foi apenas um momento musical — foi um símbolo. Um suspiro final de uma era de inocência, criatividade e amizade. Quatro rapazes de Liverpool, que começaram tocando em porões abafados e terminaram tocando para o céu, literalmente.

Há algo de profundamente bonito nisso: o fim dos Beatles não aconteceu em um estádio lotado, mas no alto de um prédio, sob o vento, olhando o horizonte. Como se dissessem adeus ao mundo com música, sem precisar de palavras.

Foi o som da liberdade. O som do amor. O último eco dos sonhos dos anos 60. 

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