Filmes da semana de 04/09 a 10/09

06/09/2025 14:14:45
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Estreia esta semana nos cinemas em Nova Friburgo Invocação do Mal 4: O Último Ritual. Dirigido por Michael Chaves, esse é o desfecho da saga principal de Ed e Lorraine Warren propondo o adeus definitivo do casal de demonologistas, interpretado mais uma vez por Patrick Wilson e Vera Farmiga. O filme se beneficia enormemente do retorno da dupla, cuja química e profundidade em seus personagens são o coração da franquia. As atuações de Wilson e Farmiga são, sem dúvida, o ponto mais forte, trazendo uma vulnerabilidade e um cansaço palpáveis que refletem o peso de todos os casos anteriores, tornando o que se espera ser o último caso, oferecendo uma experiência ainda mais emocionalmente carregada. O roteiro busca um tom de conclusão, se aprofunda na dinâmica familiar dos Warren, especialmente com a inclusão de sua filha na trama, o que adiciona uma nova camada de drama. Por outro lado, o enredo é arrastado, e a fórmula do jumpscare, já conhecida da franquia, é utilizada de forma previsível. O filme não inova na estrutura, optando por uma abordagem que é ao mesmo tempo um tributo ao que funcionou e um sinal de que a fórmula está no seu limite. A direção de Chaves, que já comandou outros filmes do universo, entrega seu melhor trabalho na franquia. Ele consegue criar uma atmosfera de tensão constante e encerra a história com momentos de grande impacto, honrando o legado construído por James Wan. Apesar de não atingir a excelência dos dois primeiros filmes, é um final digno para a saga. Ele equilibra o terror com o drama do relacionamento dos Warren, proporcionando um fechamento satisfatório para os fãs, mesmo que não traga inovações para o gênero. Vale o ingresso e a indicação etária é para maiores de 16 anos.

Outra estreia nesta semana é O Rei da Feira. Essa é mais uma comédia nacional que chega aos cinemas. Dirigido por Felipe Joffily, o filme tenta se desviar da fórmula usual das comédias de Leandro Hassum ao misturar humor com elementos de mistério e sobrenatural. O enredo, que gira em torno de um segurança de feira com dons mediúnicos que precisa solucionar o assassinato de um feirante com a ajuda do espírito da própria vítima, é uma premissa interessante. A ambientação em uma feira popular no Rio de Janeiro é um acerto, pois insere a trama em um cenário tipicamente brasileiro, cheio de vida e cores, que se torna quase um personagem secundário. No entanto, a narrativa se perde na execução. A tentativa de equilibrar a comédia com o mistério não é totalmente bem-sucedida. Embora o elenco, que conta com Pedro Wagner no papel do fantasma, se esforce para dar vida aos personagens, a comédia por vezes parece forçada e previsível, enquanto o mistério se torna superficial, sem o peso necessário para prender a atenção. A direção de Joffily, com uma estética visual que se destaca pelo uso de cores saturadas, é eficiente, mas o roteiro não consegue aprofundar os personagens ou suas motivações de forma convincente. Para o público em geral, especialmente o que já aprecia o trabalho de Hassum, a experiência pode ser divertida, leve e familiar. O filme fica no meio do caminho entre a comédia popular e um mistério mais envolvente, entregando o que se espera de uma comédia de Hassum, mas não se arriscando a ser algo inovador, o que acaba limitando seu alcance e impacto. Ainda assim, vale o ingresso e a indicação etária é para maiores de 14 anos.

Estreia também nesta semana A Vida de Chuck. Dirigido e roteirizado por Mike Flanagan, o filme é uma ousada adaptação do conto de Stephen King que se afasta do horror para explorar o drama existencial de forma melancólica e poética. A obra narra a história do personagem-título, vivido por Tom Hiddleston, de trás para frente, começando com sua morte e culminando em sua infância. A direção de Flanagan desenvolve uma narrativa não linear, mantendo-a coesa e emocionante, apesar da estrutura complexa. Ele transforma o terror de King em uma meditação sobre a mortalidade e o que significa viver, usando o apocalipse como pano de fundo para uma história profundamente humana. O elenco, que inclui Chiwetel Ejiofor e Mark Hamill, é um dos pontos altos. O protagonista interpretado por Tom Hiddleston entrega um trabalho maduro e vulnerável, mesmo vivendo diferentes fases de sua vida, o que reforça o peso emocional da trama. A grande aposta desta produção é seu enredo não linear. A narrativa, que flui como um quebra-cabeça, revela as conexões entre os personagens e os eventos de forma surpreendente. Embora o filme tenha momentos de grande sensibilidade, o ritmo pode ser lento para o público acostumado com a ação de Hollywood. O foco é mais na contemplação do que na ação, e a trilha sonora e a fotografia se alinham a essa abordagem. No geral, “A Vida de Chuck” é provavelmente uma das mais originais e bem-sucedidas adaptações de Stephen King. Vale muito o ingresso e a indicação etária é para maiores de 12 anos.

Mais uma estreia nesta semana em Nova Friburgo é Desenhos. Escrito e dirigido por Seth Worley, o filme se destaca por sua premissa criativa e pela forma sensível como aborda temas como luto e imaginação. O enredo, que acompanha uma garota que lida com a dor da perda da mãe, ganha uma reviravolta fantástica quando seus desenhos ganham vida após cair em um lago. A história é uma jornada de amadurecimento que une aventura, fantasia e um drama emocionalmente tocante. Worley consegue equilibrar o tom leve e aventuresco com a seriedade do tema central, evitando o melodrama e construindo um filme que se comunica bem com crianças e adultos. A grande força desta produção reside em sua abordagem visual e nos efeitos especiais. Os monstros e criaturas ganham vida na tela com texturas que simulam traços de giz de cera e lápis de cor, reforçando a ideia de que saíram diretamente de um caderno infantil. É uma fábula moderna e emocionante, mas a simplicidade do roteiro pode tornar a narrativa previsível para o público adulto, especialmente aqueles que esperam um enredo mais complexo. Apesar disso, a mensagem do filme sobre a importância de enfrentar os medos e a força da imaginação é universal. É um filme que acerta ao misturar gêneros e ao ousar contar uma história emocional de uma forma visualmente deslumbrante. É uma obra que se destina à família, oferecendo entretenimento e, ao mesmo tempo, um momento para reflexão. Vale sim o ingresso e a indicação etária é para maiores de 10 anos.

Estreia também nesta semana O Retorno. O filme se destaca por sua abordagem íntima e humanizada de um mito atemporal. Longe de ser um épico de ação grandioso, ele reinterpreta a “Odisseia” de Homero focando nas feridas emocionais e psicológicas da guerra. Ralph Fiennes entrega uma performance soberba como Ulisses, um guerreiro traumatizado e irreconhecível que volta para casa após 20 anos. Ele carrega o peso da sua jornada e o trauma de um herói que já não se reconhece. O roteiro, coescrito por Pasolini, simplifica o vasto poema para se concentrar no drama familiar. Essa escolha de enredo remove os elementos mais fantásticos, como deuses e criaturas míticas, para focar nas relações humanas. Embora isso possa decepcionar quem esperava um épico tradicional, a abordagem permite um mergulho mais profundo na psique dos personagens. A atuação de Juliette Binoche como Penélope também impressiona, estabelecendo um contraponto forte e digno para o Ulisses de Fiennes. Apesar de sua fotografia deslumbrante, que captura a beleza árida das locações, o ritmo do filme é um ponto de debate. A cadência é mais lenta e contemplativa, o que pode não agradar a todos. O longa-metragem não é feito para o público que busca adrenalina, mas sim para quem aprecia um drama robusto, liderado por performances de alta qualidade. É uma adaptação corajosa, que se arrisca a recontar uma história conhecida de uma maneira que a torna, de certa forma, nova e relevante para o público moderno, abordando temas como trauma de guerra, identidade e a complexidade do retorno. Vale muito o ingresso e a indicação etária é para maiores de 16 anos.

A última estreia desta semana nos cinemas em Nova Friburgo é Super Wings em Velocidade Máxima. A animação se propõe a levar a popular série de animação para a tela grande, buscando agradar tanto ao público infantil já familiarizado com os personagens quanto a novos espectadores. O longa-metragem acerta ao expandir a escala de suas aventuras, apresentando uma missão global com mais ação e desafios. A animação, que já era colorida e vibrante na TV, ganha um upgrade notável, com paisagens mais detalhadas e sequências de voo dinâmicas, o que certamente prende a atenção das crianças. A narrativa segue a fórmula básica de “missão-problema-solução”, sem aprofundar o desenvolvimento de personagens ou apresentar reviravoltas complexas que pudessem engajar também o público adulto que acompanha as crianças. A previsibilidade, embora seja um ponto negativo, é um fator positivo para o público-alvo, pois o filme se mantém acessível e fácil de seguir para as crianças pequenas, que são o foco principal. A animação cumpre sua principal missão, é uma aventura divertida, visualmente atraente e segura para as crianças, mas não se aprofunda a ponto de se destacar como um clássico ou de agradar quem busca algo além de entretenimento puro e simples. Vale o ingresso e a indicação etária é livre para todas as idades.

A dica desta semana para assistir em casa vai para 2ª temporada de Wandinha – Parte 2. Disponível na Netflix, a série, dirigida por Tim Burton, abraça o horror gótico e a mitologia da Família Addams. Com o retorno de personagens importantes e a introdução de um novo vilão enigmático, a trama se torna mais complexa e pessoal para a protagonista. Os episódios finais mostram uma amizade mais sólida entre Wandinha e Enid, e também exploram mais as relações familiares.

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