Estreia esta semana em Nova Friburgo Oferenda ao Demônio. Esse é o filme clássico de terror demoníaco que trabalha com todos os elementos ritualísticos que envolvem esse tema. Claro que temos todos os clichês com a mulher grávida, os símbolos e os jumpscares tradicionais. O enredo é simples, temos uma família judaica com problemas de relacionamento e em uma tentativa reaproximação, coisas estranhas começam a acontecer. Essa ideia em utilizar uma abordagem fora da visão católica é algo bem-vindo. O escritor e diretor britânico Oliver Park é muito competente quanto a narrativa, com planos e ritmo, para aumentar o suspense, passeando com a câmera, nos convidando para entrar naquele cenário sombrio. A fotografia também é destaque, com muito verde e sombras com uma imagem limpa, sem filtros. Um fato interessante é que o demônio é a Abyzou, uma criatura mitológica feminina que ataca mulheres grávidas motivada pela inveja por ser infértil. No elenco temos Nick Blood, Paul Kaye e Emily Wiseman, todos com atuações restritas entregando o que podem, sem espaço para fazer nada além. Para quem gosta do gênero, é sim uma boa opção apesar de que algumas pessoas, podem achar lento por ponta da narrativa. É uma boa ideia, uma abordagem diferente através da religião judaica e respeitando a lenda da Abyzou, utilizando boa parte dos símbolos e rituais que ela carrega. Vale sim o ingresso e a indicação etária é para maiores de 14 anos.
A outra estreia desta semana é Pearl. Estamos diante de um caso bem raro em que o Ti West que roteirizou, dirigiu e foi responsável até pela trilha sonora, faz em um mesmo ano um prelúdio e a sequência, ambas lançadas em 2022. Primeiro foi o X – A Marca da Morte e agora Pearl, e o mais curioso é que eles podem ser assistidos separadamente, um não depende do outro. O mais interessante é a forma lúdica que a protagonista encara o mundo e isso fica estampado na tela. Essa é uma abordagem difícil de realizar, mas quando é bem utilizada, tem um resultado incrível, capaz de explorar a personalidade de forma íntima e visceral. Méritos para Ti West. Outro ponto, é a forma como a sexualidade é explorada sem pudores, o que só engrandece a experiência. O enredo é sobre uma menina oprimida que vive em uma fazenda e deseja uma vida glamurosa, mas aos poucos desenvolve motivações bizarras e assassinas. O filme se passa nos anos de 1918, anterior à o X – A Marca da Morte e foca em desvendar essa menina e suas motivações. Total destaque para a atuação de Mia Goth que consegue trafegar por extremos entre a fúria e uma psicopatia calma, quase prazerosa. Importante avisar que tem uma cena pós-créditos e ela avança para uma possível continuação. Esse é um projeto audacioso, que carrega muita personalidade e confiança, a marca de um cineasta que imprime uma autoria ao que faz. Vale muito o ingresso e a indicação etária é para maiores de 18 anos.
Sugestão: A dica desta semana para assistir em casa vai para Batman. A última produção do herói mascarado com Robert Pattinson é uma ótima repaginação de um dos personagens mais consumidos na cultura pop. Mais humanizado e sombrio, o elenco ainda conta com Zoë Kravitz, Paul Dano e Colin Farrelle. Disponível na HBO Max vale pela estética e pelas atuações.
