Estreia esta semana nos cinemas em Nova Friburgo Kraven – O Caçador. Esse é mais um filme que explora o universo dos anti-heróis da Marvel com uma produção que já vinha enfrentando resistência na própria Sony, principalmente após os fiascos de Madame Teia e Morbius. O que temos aqui é mais do mesmo, um filme que se preocupa mais em abrir portas do que no desenvolvimento dos personagens ou contar uma história interessante. A direção de J.C. Chandor é esforçada e entrega cenas interessantes, tanto pelos enquadramentos como pela dinâmica, mas os efeitos visuais não convencem. O roteiro busca uma narrativa centrada em dilemas morais e conflitos internos do protagonista, o que é um ponto forte, mas a execução nem sempre atinge o equilíbrio desejado. No elenco temos os ótimos Aaron Taylor, Russell Crowe e Ariana DeBose, entre outros, mas são muitos os problemas, incluindo situações com utilização de ADR (Automatic Dialog Replacement), com regravações de diálogos, o que mais uma vez não funciona. Com muitos clichês, o filme não consegue imprimir tensão ou emoção, e pode não agradar aos puristas, mas alguns fãs do universo Homem-Aranha, podem apreciar, principalmente os easter eggs e as referências as HQs. Embora seja um filme de origem que foca na ação visceral, sua execução inconsistente e foco limitado acabam comprometendo a experiência. Ainda assim vale o ingresso e a indicação etária é recomendada para maiores de 16 anos.
Outra estreia desta semana é A Redenção: A História Real de Bonhoeffer. Essa é uma cinebiografia que combina relevância histórica e densidade emocional ao narrar a trajetória do teólogo alemão Dietrich Bonhoeffer durante o regime nazista. Situado no momento da ascensão e consolidação de Adolf Hitler na Alemanha, o filme explora como Bonhoeffer desafiou tanto o regime quanto a conivência de segmentos da Igreja Alemã com a ideologia nazista. A direção e o roteiro de Todd Komarnicki reproduzem a história com precisão, equilibrando momentos de reflexão filosófica e tensão dramática. A direção de arte é meticulosa, recriando o clima sombrio da Alemanha nazista com cenários opressivos e uma paleta de cores desbotada, que ressalta o desespero da época. No elenco temos Jonas Dassler, August Diehl, Flula Borg e David Jonsson, entre outros, com destaque para Dassler, que entrega uma performance introspectiva e comovente, capturando a complexidade do personagem. É um filme que aborda o conflito moral diante do mal e a capacidade de agir com coragem e sacrifício em nome de princípios éticos e espirituais. O filme explora questões como fé, resistência, responsabilidade social e o preço da integridade pessoal. Vale sim o ingresso e a indicação etária é recomendada para maiores de 14 anos.
A última estreia desta semana é As Polacas. Esse é um drama nacional que aborda uma temática historicamente complexa sobre a exploração de mulheres judias trazidas ao Brasil no início do século XX. Com uma narrativa bem estruturada, o longa equilibra aspectos históricos e emocionais, explorando o drama humano por trás da prostituição forçada em um contexto de imigração e opressão. A direção de João Jardim utiliza enquadramentos intimistas e uma paleta de cores soturna, o que intensifica a sensação de clausura e vulnerabilidade dos personagens. O roteiro, apesar de bem construído, peca pelo excesso de didatismo, mas isso não tira o peso dramático da obra. O ponto forte do filme está nas atuações e no elenco composto por Valentina Herszage, Dora Freind, Caco Ciocler, Otávio Müller, Clarice Niskier e Erom Cordeiro entre outros. É um filme necessário que aborda um tema relevante e ainda atual na sociedade contemporânea, como a exploração sexual, a imigração forçada e a violência de gênero. A narrativa também destaca os sistemas de poder que exploram indivíduos marginalizados, algo que se conecta a debates sobre desigualdade, direitos humanos e feminismo hoje. É mais um bom drama que mescla relevância histórica com uma abordagem cinematográfica visualmente interessante e com ótimas atuações. Vale sim o ingresso e a indicação etária é recomendada para maiores de 16 anos.
Sugestão: Para assistir em casa a dica desta semana vai para Os Fantasmas Ainda se Divertem: Beetlejuice, Beetlejuice. Disponível na HBO MAX, essa é uma celebração ao legado de Tim Burton enquanto atualiza a narrativa para uma nova geração. Michael Keaton retorna com maestria e irreverência, trazendo o humor sombrio que o tornou icônico. A direção artística impressiona, com cenários surreais e uma estética gótica vibrante. Apesar de previsível o carisma do elenco e a originalidade visual compensam as falhas. Criativo e vibrante, é uma oportunidade nostálgica e divertida para fãs antigos e recém-chegados.