Estreia esta semana nos cinemas em Nova Friburgo A Grande Viagem da Sua Vida. Esse é um drama de fantasia com um toque de comédia romântica que carrega uma estética visual marcante com uso de uma paleta de cores vibrantes e elementos que se tornaram a assinatura do diretor Kogonada. A direção cria contornos contemplativos, com cenas que se apoiam no visual para contar a história, em vez de um ritmo acelerado. O roteiro, assinado por Seth Reiss trabalha a premissa de dois estranhos que se encontram em uma viagem e descobrem uma maneira de reviver momentos do passado. Apesar da ideia ser promissora e interessante, o roteiro não aprofunda o suficiente as motivações dos personagens, resultando em uma narrativa previsível e que em alguns momentos não sustenta a premissa mística. O filme tenta ser grandioso e ousado, mas se contenta com clichês do gênero, perdendo a oportunidade de ser uma obra mais impactante. Um dos maiores acertos do filme é o seu elenco, especialmente a dupla principal formada por Margot Robbie e Colin Farrell, que juntamente com as participações de Phoebe Waller-Bridge e Kevin Kline, conseguem sustentar a trama e aprofundar o drama. É uma obra corajosa por ser uma produção original em um cenário dominado por franquias, mas a falta de profundidade do roteiro, a previsibilidade da história e a sensação de que a narrativa se baseia demais no carisma dos atores, torna a experiência interessante, até agradável, mas esquecível. Ainda assim, vale o ingresso e a indicação etária é para maiores de 12 anos.
Outra estreia desta semana é A Longa Marcha: Caminhe ou Morra. Dirigido por Francis Lawrence, o filme é uma adaptação do romance homônimo de Stephen King, escrito sob o pseudônimo de Richard Bachman. A direção de Lawrence, que já tem experiência com o gênero distópico, traduz a atmosfera sombria do livro para o cinema, focando na monotonia e no terror psicológico da marcha, em vez de depender de cenas de ação. O roteiro, assinado por J.T. Mollner, é fiel ao material de origem, acompanhando a jornada de 100 jovens que caminham até a morte em uma competição transmitida ao vivo. A trama questiona a natureza da humanidade e o que as pessoas estão dispostas a fazer para sobreviver em um regime autoritário. O elenco, com destaque para as atuações de Cooper Hoffman e David Jonsson, é um dos pontos mais fortes do filme. A química entre os dois é fundamental para a trama, que se apoia mais no drama e na amizade entre os personagens do que na violência física. Apesar da previsibilidade de algumas reviravoltas no terceiro ato e o ritmo lento, é uma das melhores adaptações de Stephen King, confrontando o público com ideias complexas sobre dignidade, sobrevivência e a natureza humana. É uma obra corajosa, brutal e emocionalmente envolvente. Vale o ingresso e a indicação etária é para maiores de 18 anos.
Estreia tambem nos cinemas esta semana Animais Perigosos. Dirigida por Sean Byrne o filme é um thriller de terror que se destaca por sua abordagem incomum não se encaixando nos tradicionais “filmes de tubarão”, apesar de ter os predadores marinhos como parte central do enredo. A direção de Byrne foca no suspense psicológico e no terror de sobrevivência, criando uma atmosfera tensa e claustrofóbica. O roteiro, assinado por Nick Lepard, apresenta uma surfista que é sequestrada por um serial killer obcecado por tubarões. O verdadeiro perigo do filme não é o animal marinho, mas sim o ser humano e sua violência. O roteiro, por vezes, flerta com o grotesco e o bizarro, mas a direção o leva a sério o suficiente para manter a tensão. O elenco principal é pequeno, mas eficiente, focado em trazer a tensão da trama para a tela. A atuação de Jai Courtney no papel do vilão é o grande destaque. Courtney, conhecido por papéis em filmes de ação, entrega uma performance assustadora como um assassino em série obcecado por tubarões. No papel da surfista que luta por sua sobrevivência, a atriz Natasha Liu Bordizzo entrega vulnerabilidade e, ao mesmo tempo, uma força inabalável para enfrentar o perigo. A dinâmica entre os dois atores sustenta a maior parte da narrativa, transformando o que poderia ser um filme de terror genérico em um duelo psicológico intenso. O filme se destaca por sua originalidade e a atuação intensa de Jai Courtney, mas os personagens são pouco desenvolvidos e a narrativa muitas vezes opta por um terror mais superficial com sustos repentinos, que são previsíveis. Vale o ingresso e a indicação etária é para maiores de 18 anos.
A última estreia desta semana é Minha Família Muito Louca. Essa é uma animação dirigida pelo australiano Mark Gravas, adaptada do livro homônimo de Terry Pratchett e conta a história de uma adolescente que se sente deslocada por não possuir poderes mágicos como o restante de sua família, embarcando em uma jornada de autodescoberta. A narrativa foca na aceitação das diferenças e na ideia de que a verdadeira magia reside na singularidade de cada um. Em termos técnicos, a animação é funcional, utilizando gráficos de computador (CGI) que são competentes, mas não atingem o nível de detalhe ou inovação estética de grandes estúdios como Pixar. A qualidade visual se alinha com o que é esperado para uma produção de médio orçamento, entregando um estilo visual vibrante e adequado ao gênero. O roteiro, assinado por Harry Cripps e Penny Greenhalgh, é claro e direto, estruturado para o entretenimento familiar com uma progressão de eventos que mantém a atenção dos jovens espectadores. É uma animação leve e com mensagens edificantes, mas a previsibilidade do enredo e a falta de originalidade, limitam a obra a um público mais amplo. Apesar disso, o filme alcança seu objetivo de ser uma obra com um propósito específico, oferecendo uma história reconfortante sobre o valor da individualidade. Vale sim o ingresso e a indicação etária é livre para todas as idades.
A dica desta semana para assistir em casa vai para O Refúgio Atômico. Essa é uma série que entra no catálogo da Netflix e marca o retorno da dupla de La Casa de Papel com uma trama de suspense pós-apocalíptico. Apesar de explorar uma premissa promissora, a série se concentra mais no drama pessoal e nas rivalidades entre os personagens do que na ameaça externa. O ritmo pode parecer lento, e a série demora a engrenar, apostando na claustrofobia e nos diálogos em detrimento da ação. No entanto, o roteiro mantém a tensão de forma sutil, transformando o refúgio de luxo em uma verdadeira prisão de emoções, revelando o que há de mais perverso na natureza humana.










