Estreia esta semana nos cinemas em Nova Friburgo é M3GAN. Muito se fala em inteligência artificial e muitos filmes já foram produzidos com esse tema, isso não é um problema, mas conseguir desenvolver uma obra relevante usando IA com pano de fundo é algo complexo, afinal, filmes são sobre pessoas e suas relações, sejam com outros, ou consigo mesma. M3GAN tem pontos interessantes, mas o resultado é genérico e trilha o mesmo caminho ao entregar um resultado com pouca inspiração, sem carregar qualquer mensagem interessante. O enredo é sobre uma menina que após perder os pais, vai morar com a tia que é “viciada” em trabalho. No ramo de brinquedos tecnológicos ela cria uma boneca com inteligência artificial e usa a sobrinha para validar sua invenção. O que se segue é tudo previsível e até descabido. É uma versão moderna de Chucky com saias. O principal objetivo do filme, que deveria ser a relação da menina com a tia, não é bem desenvolvida e o que temos, é a boneca fazendo dancinhas e desenvolvendo comportamentos agressivos. Allison Williams faz uma tia com cara de paisagem e o destaque é todo das meninas, tanto a Violet McGraw que interpreta a sobrinha, assim como Amie Donald, que mesmo fazendo a boneca, consegue trazer uma boa atuação. Pode agradar alguns amantes do tema, mas é tudo muito descabido e pouco trabalhado. O filme conseguiu fazer barulho e ter uma divulgação espontânea, mas, como eu disse, é genérico. Ainda assim vale o ingresso e a indicação etária é para maiores de 14 anos.
A outra estreia desta semana é Fervo. Essa é uma grata comédia nacional com contornos paranormais que carrega uma boa ideia com mensagens importantes de igualdade, união, tolerância e comunhão. O enredo é sobre um casal em crise que se muda para um local abandonado e aos poucos vão sendo assombrados por espíritos e descobrem que aquele local foi um bar LGBTQIAP+ chamada Fervo. Ao mesmo tempo que eles precisam trabalhar a relação, vão ajudar a aquelas almas a encontrar seus caminhos. É tudo bem relacionado. A reforma precisa ser feita tanto na propriedade como nas relações. O trunfo desta produção está na diversidade, nas atuações e nas tiradas cômicas. Felipe Abib Georgiana Góes interpretam o casal, e Rita Von Hunty, Gabriel Godoy e Renata Gaspar os fantasmas, todos muito bem em cena. Vale ainda ressaltar as presenças de Joana Fomm fazendo a morte e de Marcelo Adnet que, mesmo rápidas são marcantes. Existem alguns problemas quanto ao roteiro escrito por Thiago Gadelha em relação ao desenvolvimento de alguns personagens, mas isso não afeta a experiência, nem o resultado. A mensagem e a forma como ela são passada, assim como o humor inteligente é o que faz desse um filme relevante e que merece ser assistido. É sempre bom iniciar o ano com uma produção nacional que vai além da comédia de situação ou de opostos. vale muito o ingresso e a indicação etária é para maiores de 12 anos.
Sugestão: A dica para assistir em casa esta semana vai para O Pálido Olho Azul. Sou suspeito por ter uma preferência pela obra de Edgar Allan Poe, mas o motivo da indicação é por este filme carregar a essência do texto do escritor. Intenso e misterioso, esta produção estrelada por Christian Bale está disponível no catálogo da Netflix. Bom para assistir nesses dias chuvosos.
