Filmes da semana de 20/11 a 26/11

21/11/2025 11:13:37
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Estreia esta semana nos cinemas em nova Friburgo Silvio Santos Vem Aí. Esse é um recorte biográfico, focando no período da efêmera e conturbada candidatura presidencial de Senor Abravanel em 1989. O enredo é estruturado em torno da jornalista fictícia Marília (Manu Gavassi), contratada para investigar o passado do apresentador (Leandro Hassum) e antecipar possíveis ataques políticos, permitindo ao filme alternar entre a reconstituição dos icônicos shows de auditório e a vida privada nos bastidores. O grande desafio do filme e, ao mesmo tempo, sua maior fragilidade, reside na abordagem do mito Silvio Santos. Ao invés de buscar a complexidade e as contradições naturais de uma personalidade tão grandiosa, o roteiro adota um tom predominantemente homenageador e afetivo. O filme evita o aprofundamento crítico em questões mais sensíveis da trajetória do comunicador, optando por uma narrativa que frequentemente beira a bajulação. Essa escolha esvazia a promessa de revelar o “homem por trás do mito”, entregando um retrato que, embora divertido e nostálgico em seus momentos de reconstituição de época, carece de relevância dramática e profundidade crítica sobre o personagem. A direção de Cris D’Amato imprime um ritmo dinâmico e leve, equilibrando o drama e a comédia, com um esforço notável na reconstituição estética dos cenários e figurinos da TV dos anos 80, o que gera uma forte sensação de nostalgia. Contudo, essa direção se alinha com a proposta segura do roteiro, evitando riscos e críticas mais contundentes, o que limita o potencial cinematográfico da obra. Leandro Hassum interpreta Silvio Santos, o que é uma tarefa monumental devido à unicidade de seus trejeitos. A performance de Hassum oscila entre a imitação e a interpretação, resultando, por vezes, em uma figura caricata que não consegue capturar nem a essência do homem real, nem a grandeza do mito. Por outro lado, Manu Gavassi é um dos destaques, funcionando como o catalisador emocional da trama. Sua personagem, Marília, representa o olhar cético do público que gradualmente é convertido pela empatia, estabelecendo o elo emocional mais forte da narrativa. Resumindo, Silvio Santos Vem Aí funciona como uma celebração nostálgica e bem-humorada da figura pública, mas seu roteiro seguro e a direção reverente desperdiçam a oportunidade de oferecer uma análise verdadeiramente crítica e multifacetada de uma das personalidades mais complexas e influentes da história da televisão brasileira. Ainda assim, vale o ingresso e a indicação etária é para maiores de 12 anos.

A outra estreia desta semana em Nova Friburgo é Wicked Parte 2. Esta continuação chega aos cinemas carregando o peso da expectativa de ser a conclusão épica e emocional da história que sua primeira metade apenas introduziu. Dirigido por Jon M. Chu, o filme consolida o trabalho de adaptação do musical, entregando o clímax e a resolução da complexa saga de Glinda e Elphaba. O enredo parte do ponto de ruptura do primeiro filme, intensificando a dualidade entre o Mágico (Jeff Goldblum) e a recém-vilanizada Elphaba (Cynthia Erivo), agora isolada e lutando para expor a verdade sobre Oz. A narrativa nesta segunda parte é notavelmente mais sombria e política, focando na histeria social e na manipulação midiática que transforma Elphaba na temida Bruxa Má do Oeste. O filme faz um trabalho excelente ao entrelaçar os eventos com a linha temporal de O Mágico de Oz, introduzindo personagens como Dorothy, o Espantalho e o Homem de Lata de forma orgânica e impactante, cumprindo a promessa de ser um prelúdio coeso e satisfatório. As sequências musicais icônicas da segunda metade do musical, como “No Good Deed” e “For Good”, são executadas com um visual deslumbrante, utilizando a vastidão do cinema para amplificar a emoção sem perder a intimidade. Chu consegue gerenciar a transição do tom de fábula da Parte 1 para um drama político de grande escopo, onde as cores e o design de produção refletem o estado de crescente tensão e paranoia de Oz. As atuações são o coração do filme e a dupla central brilha. Cynthia Erivo (Elphaba) entrega uma performance vocal e dramática avassaladora, especialmente ao encarnar a dor e a fúria do seu exílio. Ela eleva a personagem, tornando crível sua transformação de pária em figura de resistência. Ariana Grande (Glinda) também amadurece sua atuação, retratando com sucesso a Glinda que se torna o símbolo da popularidade de Oz. Sua performance captura a ambiguidade moral da personagem, que se divide entre a lealdade à amiga e os confortos da fama. O confronto e a reconciliação final da amizade das protagonistas são conduzidos com uma química forte, que é o motor emocional do filme. Essa continuação é um sucesso como conclusão, resolvendo satisfatoriamente as questões políticas e emocionais. Ela se apoia na força de suas atuações e na direção visualmente espetacular de Chu, entregando um final que honra o material original da Broadway e, ao mesmo tempo, oferece uma experiência cinematográfica grandiosa, solidificando a duologia como uma das mais bem-sucedidas adaptações de musical da história recente. Vale muito o ingresso e a indicação etária é para maiores de 10 anos.

Sugestão: A dica desta semana para assistir em casa vai para IT: Bem-Vindos a Derry. Para quem gosta de terror, a série acerta ao ser uma prequela atmosférica e densa, ambientada décadas antes dos filmes. A produção explora as raízes do mal na cidade, mostrando como o horror se manifesta mesmo antes da completa ascensão de Pennywise. A série mantém a estética visual impactante e o ritmo opressor estabelecidos por Andy Muschietti, com sequências de gore e tensão bem construídas. Seu foco é menos nos jump scares e mais na forma como o trauma coletivo e o racismo se infiltram na comunidade. Embora se perca um pouco ao tentar explicar demais a mitologia, é imperdível para os fãs de Stephen King. Disponível na HBO Max.

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