Estreia esta semana nos cinemas em Nova Friburgo Napoleão. Algumas ponderações precisam ser colocadas para podermos entender melhor essa obra. Primeiramente, trata-se de Ridley Scott, um cineasta renomado com uma vasta obra e por sua competência e seu passado ligado a arte imagética, é o único cineasta que consegue criar cenas grandiosas com tanta força visual. Outro ponto, é que estamos falando da figura de Napoleão Bonaparte, a quem posso dispensar comentários e, mais uma questão importante, é que o filme na verdade é um recorte, uma versão reduzida de duas horas e trinta e oito minutos do original que será disponibilizado na Apple TV+ com cerca de quatro horas. Dito isso, o que temos é uma produção que busca mais pelas passagens grandiosas e o romance, do que realmente ser histórico. Existe um direcionamento dos acontecimentos para fortalecer a narrativa, deixando muitos fatos de fora. O foco se concentra na psique do estadista e seu relacionamento com Josephine. A busca pelo poder, suas convicções e fragilidades. Joaquin Phoenix é um dos melhores atores da atualidade e consegue a frieza e brutalidade de seu personagem, mas passa praticamente todo o filme emburrado e com poucas nuances, enquanto Vanessa Kirby mais uma vez faz uma atuação impecável. O trabalho de figurino, cenografia e fotografia exalam arte, criatividade e força narrativa. É o que esperamos de Ridley Scott. Esse é um filme para ser assistido nos cinemas e, se foi reprovado pela crítica francesa e historiadores, vai agradar ao público em geral e ainda despertar o interesse pela história, o que sempre é um bom resultado. Muitos tentaram retratar Napoleão nos cinemas, alguns nomes fortes como Stanley Kubrick morreram antes de conseguir e, possivelmente, a melhor versão ainda seja da de Abel Gance de 1927, mas o fato é que temos mais uma obra que retrata um período importante da história mundial e que temos o privilégio de poder assistir, afinal, Ridley Scott com seus 85 anos, ainda se encontra ativo tocando vários projetos, como o Gladiador 2, com estreia prevista para 2024. Vale muito o ingresso e a indicação etária é para maiores de 16 anos.
Outra estreia desta semana nos cinemas em Nova Friburgo é Casamento Grego 3. Mais uma sequência do original de 2002 que pode ter chegado ao seu final. O filme explora o choque de culturas focado em uma família de origem grega que vive nos Estados Unidos e desta vez embarcam para a Grécia para realizar um pedido do pai falecido de Toula, e descobrem que a família é maior do que eles imaginavam. É uma comédia romântica suave que faz o que alguns roteiristas adoram e outros abominam, criar uma série de situações e conflitos e finalizar em um grande casamento para unir e abrandar as relações. Isso é fofo e muito conveniente, mas é a proposta da franquia e temos que entender. Voltando ao roteiro, o que temos são todos os clichês possíveis, com o tio cômico e sem noção, a avó tradicionalista, a figura central que mantem a família e os jovens que renovam e subvertem os costumes. Apesar de ser tudo óbvio, a leveza e o carisma dos personagens cativa e torna o filme uma boa opção para assistir em uma Sessão da Tarde. No elenco temos a ótima Nia Vardalos, assim como John Corbett, Louis Mandylor e Elena Kampouris, entre muitos, todos bem nos seus papeis. Vale citar que o filme é em memória de Michael Constantine, ator que participou dos filmes anteriores, mas faleceu em 2021. É uma boa opção para quem gosta de filmes “água com açúcar” e mostra que a franquia ainda rende, principalmente neste momento em que os produtores executivos não estão arriscando. Vale sim o ingresso e a indicação etária é para maiores de 12 anos.
Estreia também em Nova Friburgo esta semana Ó Paí, Ó 2. Continuação de um sucesso nacional lançado em 2007 o filme retorna com uma nova geração, além de personagens já conhecidos e faz uma festa no melhor estilo baiano, exaltando a cultura, as raízes e a musicalidade regional. O desafio é exatamente esse longo tempo, afinal, o Brasil não é mais o mesmo, a Bahia também não. Esse filme que passeia pela comédia, o drama e o musical, precisou se atualizar e ainda criar uma forma de se comunicar com o passado. Temos aí acertos, mas também lacunas que são deixadas. Outra questão complicada, é o excesso de personagens que é suavizado pela facilidade de identificação que eles apresentam, mas muitos dramas são relegados ao segundo plano. No elenco além de Lázaro Ramos, temos Érico Brás, Valdinéia Soriano, Luciana Souza, Dira Paes, Lyu Arisson e Margareth Menezes, entre outros, todos muito bem e com personagens marcantes e bem desenvolvidos. O pelourinho carrega uma tradição muito forte e celebrar essa cultura e a própria história envolvida, é lembrar nossas origens, nossas mazelas e alegrias. Ó Paí Ó 2 é um bom filme, mas que vai ter dificuldades em se manter nas telas por conta da polarização e posicionamentos políticos de seus realizadores. Não devemos misturar a obra com a vida pessoal de um artista, são universos distintos, mas entendo a dificuldade dos tempos atuais. Se julgássemos as obras pelo comportamento ou opiniões de seus autores, não poderíamos ler Rousseau, Hemingway ou Sade, só para citar alguns. Vale sim o ingresso e a indicação etária é para maiores de 14 anos.
A última estreia desta semana nos cinemas em Nova Friburgo é Não Tem Volta. Essa é uma comédia nacional com uma ideia inusitada que costura a transformação de um personagem na tradicional cartilha do drama clássico em que uma pessoa pacata, precisa enfrentar seus medos e inibições para superar os desafios e sair mais forte se conseguir sobreviver. O enredo é sobre um rapaz que após uma desilusão amorosa decide que não quer mais viver, mas, como ele não tem coragem de tirar sua própria vida, contrata um serviço para tal fim. A qualquer dia, pelas mãos de qualquer pessoa e sem a possibilidade de desistência, ele será assassinado. O problema, se é que posso chamar assim, é que sua amada retorna e o casal, feliz novamente, precisa encarar essa situação, afinal, não tem volta. O grande desafio aqui era tornar esse casal convincente e adorado, uma vez que a questão que se apresenta é insana e, juntamente com as piadas e cenas de ação, tudo é muito bem construído. Méritos do roteiro de Fernando Ceylão e da direção de César Rodrigues, além claro da dupla de atores que esbanjam carisma, Rafael Infante e Manu Gavassi. Vale ainda ressaltar as ótimas participações de Betty Gofman e Roberto Bomtempo. É um filme divertido que vai agradar, até por conta de, mesmo tendo uma premissa com o gênero fantástico, todos em algum momento, já sentiram o desgosto de uma desilusão amorosa e tiveram pensamentos destrutivos. Vale muito o ingresso e a indicação etária é para maiores de 16 anos.
SUGESTÃO: Para assistir em casa a dica desta semana vai para Chevalier: A Verdadeira História Nunca Contada. Baseado na vida do músico franco-caribenho conhecido como Chevalier de Saint-Georges esse drama conta a vida do violinista Joseph Bologne, filho de uma escrava nascido em 1745 que se destacou pelas suas habilidades e enfrentou os desafios impostos pela nobreza e a sociedade francesa no século 18. Disponível na plataforma Star +.










