A única estreia desta semana nos cinemas em Nova Friburgo é Quarteto Fantástico: Primeiros Passos. Esse filme chega após anos de fadiga da franquia e resultados irregulares com 2025 sendo visto como um ponto de virada. O diretor Matt Shakman aposta em um retro-futurismo anos 1960, com uma Terra alternativa. Em várias passagens, a encenação elegante encobre soluções dramáticas simplistas, sobretudo no terceiro ato, quando o filme volta ao formato Marvel de clímax acelerado. O enredo apresenta o grupo já formado e vivendo em uma realidade alternativa, onde precisam enfrentar um evento cósmico que ameaça destruir múltiplos universos. A história envolve a chegada de Shalla-Bal (uma versão de Silver Surfer) como arauto de Galactus, o devorador de mundos, levando o quarteto a confrontar seus traumas pessoais e a repensar seu papel como família e heróis. O roteiro é o ponto fraco desta produção com arcos dramáticos assimétricos, tensões resolvidas rápido demais e vilões com ótimo potencial simbólico, mais interessantes no conceito do que na execução, como Galactus, com uma presença icônica, porém pouco complexa. No elenco temos como destaque Vanessa Kirby, que entrega uma Sue Storm emocionalmente complexa e carismática, sendo o coração da equipe. Pedro Pascal interpreta Reed Richards com sobriedade, mas seu personagem carece de maior profundidade no roteiro. Joseph Quinn dá energia e irreverência a Johnny Storm trazendo humanidade ao Ben Grimm, mesmo com seu arco pouco explorado. Julia Garner, como Shalla-Bal, impressiona visualmente, mas tem espaço limitado, e Galactus surge mais como uma força destrutiva do que um vilão de peso. O filme é formalmente distinto, mas dramaticamente desigual. A direção tenta dar assinatura a um filme que, no papel, ainda é refém das convenções do MCU com um clímax contido, vilania esvaziada e personagens com arcos resolvidos em modo “fast‑track”. O elenco engrandece o material, mas o projeto permanece aquém do potencial. É um avanço, embora ainda distante de um verdadeiro salto. Vale sim o ingresso e a indicação etária é para maiores de 12 anos.
A dica desta semana para assistir em casa vai para Pecadores. Disponível na HBO MAX o filme é uma obra corajosa que resgata a força do cinema autoral dentro do gênero terror. Ao usar a mitologia dos vampiros como metáfora para o racismo institucionalizado, Coogler entrega um filme visceral, com estética cuidada e ótima performance de Jordan, mesmo sofrendo com desequilíbrios narrativos no ritmo e desenvolvimento de antagonistas. Para quem gosta do bom terror, vale a leitura.
