Filmes da semana de 25/09 a 01/10

27/09/2025 12:43:35
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Estreia esta semana nos cinemas em Nova Friburgo Uma Batalha Após a Outra. Dirigido por Paul Thomas Anderson e estrelado por Leonardo DiCaprio, o filme é visto como uma obra-prima contemporânea e um forte candidato a definir a cinematografia do século XXI especialmente no cenário americano. A direção de Anderson é um dos pontos altos demonstrando seu domínio técnico e sua capacidade de lidar com narrativas épicas e personagens complexos, o cineasta conhecido por obras como Sangue Negro e Magnólia aplica sua assinatura autoral de planos longos e imersivos em uma história que mistura ação, sátira política e drama familiar de forma visceral. O roteiro que Anderson também assina, são baseados de forma vaga no romance Vineland de Thomas Pynchon, mas o diretor, o utiliza como um ponto de partida para fazer um comentário agudo e atualizado sobre os dilemas dos Estados Unidos. A trama acompanha um ex-revolucionário o foragido Bob Ferguson, interpretado por DiCaprio, que precisa enfrentar seu passado e um coronel supremacista branco, vivido por Sean Penn, numa luta pela filha e por um ideal de justiça. A narrativa é densa e frenética transitando entre o drama pessoal e a crítica social, com temas como imigração, nacionalismo, autoritarismo e a militarização da polícia, sendo centrais a decisão de ambientar a história em um presente alegórico, mas inconfundível dos conflitos políticos. No elenco Leonardo DiCaprio rendeu um desempenho que possivelmente é um dos melhores trabalhos da carreira do ator. DiCaprio entrega um Bob Ferguson complexo exausto, mas cheio de fúria e paranoia. Sean Penn como o Coronel Lockjaw, é um vilão que encarna o fanatismo e o desejo de pertencimento a uma elite racista. Temos também a atriz Teyana Taylor em um papel chave como Perfidia, entregando intensidade, assim como a presença magnética o elenco de apoio com Benicio del Toro e Regina Hall que completam um quadro de atuações de altíssimo nível que sustentam a ambição do roteiro. Em resumo, a obra se consolida como uma obra-prima que capta a fúria e o caos da América contemporânea. A direção virtuosa de Paul Thomas Anderson e a performance poderosa de Leonardo DiCaprio, entregam um épico político e familiar de urgência incontestável. É um filme essencial que, ao satirizar o autoritarismo e a polarização, se projeta como um espelho do nosso tempo. Vale muito o ingresso e a indicação etária é para maiores de 16 anos.

Outra estreia desta semana é Zoopocalipse – Uma Aventura Animal. Dirigida por Ricardo Curtis e Rodrigo Perez-Castro, a animação se destaca no panorama infantil por sua proposta inusitada de misturar o formato clássico de aventura com elementos de terror e zumbis. A qualidade da animação, embora não atinja o padrão de superproduções da Disney ou DreamWorks, é competente e muito colorida o que a torna visualmente atrativa. O filme utiliza um estilo que facilita a fusão de animais carismáticos com a estética de criaturas mutantes e gosmentas, o design de produção e o ritmo visual mantem a energia e o humor, mesmo em cenas que flertam com o suspense, o que é crucial para uma animação classificada para crianças a partir de dez anos. O enredo é o ponto de maior originalidade. A história acompanha um grupo de animais de um zoológico forçados a se unir para combater uma infecção zumbi causada pela queda de um meteoro. A premissa de apocalipse zumbi no zoológico já é um diferencial que injeta frescor ao gênero. O roteiro carrega uma boa dose de humor metalinguístico e a quantidade de referências visuais e narrativas ao cinema de terror clássico, como Tubarão e Frankenstein. O personagem Xavier o lêmure cinéfilo funciona como a voz do público adulto fazendo comentários sobre os clichês do próprio filme. Essa dualidade de camadas faz com que a animação funcione bem, tanto para crianças que curtem a ação colorida, quanto para os pais que pegam as piadas e referências. Essa é uma grata surpresa. Uma animação divertida que se destaca pela criatividade em um mercado dominado por fórmulas repetitivas. Ela prova que produções fora do eixo tradicional ainda têm muito a oferecer. Vale muito o ingresso e a indicação etária é para maiores de 10 anos.

A última estreia desta semana nos cinemas é Ne Zha 2: O Renascer da Alma. Essa não é apenas uma sequência de um filme aclamado, mas sim um fenômeno de bilheteria global que estabeleceu um novo padrão para a animação fora do eixo Hollywoodiano. O filme rapidamente se tornou a animação de maior arrecadação da história, um feito que ressalta sua força técnica e apelo narrativo internacional. Dirigida e roteirizada por Yu Yang, o filme oferece sequências de ação grandiosas e estonteantes que rivalizam com as maiores produções live-action de fantasia. A qualidade da animação é um dos seus maiores destaques, entregando sequências de ação grandiosas e estonteantes. O que vemos aqui, é inovação tecnológica na animação chinesa elevando o patamar da indústria com uma fusão rica de computação gráfica de ponta, com elementos de pintura tradicional chinesa, o que confere à obra uma identidade visual única. O enredo é a continuação direta do primeiro filme de 2019 Ne Zha, baseando-se livremente na clássica mitologia chinesa Fengshen Yanyi. A trama acompanha as almas de Ne Zha e Ao Bing após terem seus corpos destruídos na batalha final. A missão central é encontrar um elixir mágico e reformar seus corpos para enfrentar uma nova ameaça, o Clã dos Dragões, liderado pela maligna Rainha Dragão que manipula eventos para se libertar do cativeiro. O filme lida com temas fortes como destino, sacrifício e injustiça, desafiando a dicotomia de bem e mal. O ritmo é maximalista, com mais de duas horas e vinte minutos de duração, mas a energia constante e a complexidade narrativa sustentam a experiência. Com um visual encantador e uma história que celebra a aventura e a coragem juvenil, a animação ressoa em todas as culturas tornando-o um sucesso sem fronteiras. A sequência cumpre o papel de aprofundar personagens e expandir o mundo estabelecendo firmemente o Fengshen Universe como uma franquia central da animação moderna. Vale muito o ingresso e a indicação etária é para maiores de 14 anos.

Sugestão: A dica desta semana para assistir em casa vai para Aftersun . O filme, disponível na Netflix, acompanha Sophie, já adulta, revivendo as memórias de uma viagem de férias que fez para a Turquia com seu pai, Calum, quando tinha apenas 11 anos, no final dos anos 90. Através de vídeos caseiros e fragmentos de lembranças, ela tenta entender a figura de seu pai, que era amoroso e divertido, mas demonstrava uma tristeza e uma complexidade que a menina na época, não conseguia decifrar. O longa-metragem é uma meditação tocante sobre memória, luto e a distância silenciosa entre pais e filhos.

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