Estreia nos cinemas em Nova Friburgo nesta semana O Auto da Compadecida 2. Esse certamente foi um projeto complicado ao buscar honrar uma obra que marcou profundamente a cultura nacional de um dos maiores atores de todos os tempos, Ariano Suassuna. Sob a direção de Guel Arraes e Flávia Lacerda, o filme retoma as aventuras de João Grilo e Chicó, agora enfrentando desafios que ampliam o universo satírico e crítico da obra original. O humor ácido e o tom de crítica social que marcaram o primeiro filme seguem nesta continuação. A trama é rica em reviravoltas, mas algumas são menos orgânicas, optando por exageros que, embora divertidos, diluem o impacto dramático. Apesar de problemas com o ritmo nas transições, os diretores seguem à estética do primeiro filme, mas com uma abordagem visual mais moderna, o que pode incomodar. Matheus Nachtergaele e Selton Mello brilham novamente, mostrando um domínio impecável dos personagens e uma química que é o ponto forte do filme. Além dos protagonistas temos Taís Araújo, Humberto Martins, Luis Miranda, Fabiula Nascimento, Eduardo Sterblitch e Virginia Cavendish entre outros. O figurino continua a dialogar com a estética nordestina, utilizando cores vivas e detalhes que remetem ao cordel e à cultura popular. O roteiro mantém o espírito de Ariano Suassuna, com diálogos inteligentes, cheios de ironia e poesia popular, mas sem a mesma inspiração do texto original, trazendo, ainda sim, uma narrativa cativante que promove reflexões relevantes. Embora não alcance a perfeição do original, este filme presta uma homenagem digna à obra de Suassuna. Apesar de problemas como o ADR que redubla muitos diálogos, assim como cenários e efeitos visuais simplificados, o que remete a escassez de tempo da produção, é uma sequência que emociona e diverte, reafirmando a força do humor nordestino como expressão de resistência e criatividade. Vale sim o ingresso e a indicação etária é recomendada para maiores de 12 anos.
A outra estreia desta semana nos cinemas em Nova Friburgo é Sonic 3: O Filme. De volta aos cinemas temos novamente um dos personagens mais carismáticos do mundo dos games. Com respeito a base original, esse é possivelmente o melhor filme da franquia com uma abordagem dinâmica e visualmente deslumbrante, mas com o desafio de equilibrar nostalgia com inovação. Dirigido por Jeff Fowler, o longa se baseia no icônico jogo Sonic the Hedgehog 3 & Knuckles com um enredo que mergulha nas tensões entre Sonic, Tails e Knuckles que precisam unir forças contra um inimigo poderoso. Apesar da narrativa manter o ritmo acelerado e divertido, que caracteriza a franquia, a trama em alguns momentos parece sobrecarregada, com subtramas que não são totalmente desenvolvidas, o que pode causar alguma confusão. O design dos personagens permanece fiel aos jogos, com pequenos ajustes que adicionam detalhes cinematográficos. Os cenários recriam locais icônicos dos jogos como Angel Island e Hidden Palace Zone e a integração entre CGI e locações reais, é bem executada, oferecendo um equilíbrio entre o fantástico e o realista. O roteiro tenta lidar com temas mais complexos, como o passado de Shadow e carrega boas piadas, embora algumas possam parecer forçadas para quem não conhece os jogos. O filme entrega uma experiência divertida e cheia de alma, que abre muitas portas para continuações, reafirmando que Sonic continua sendo um herói atemporal. Vale o ingresso e a indicação etária é recomendada para maiores de 10 anos.
Sugestão: Para assistir em casa a dica desta semana vai para Jurado Nº 2. Disponível na HBO MAX, o filme é um drama dirigido por Clint Eastwood, que acompanha um pai de família que atua como jurado em um julgamento de assassinato. Ao longo do processo, ele enfrenta um profundo dilema moral ao perceber que pode estar pessoalmente envolvido no caso, o que o obriga a confrontar questões de culpa e justiça. O filme explora as complexidades do sistema jurídico e os impactos das decisões individuais, destacando a habilidade de Eastwood em abordar temas humanos e éticos de maneira envolvente. No elenco temos Nicholas Hoult, Toni Collette, J.K. Simmons e Kiefer Sutherland entre outros. Mais uma obra relevante de Eastwood que segue fazendo o bom cinema mesmo aos 94 anos de idade.
Como sempre, nesta última coluna de 2024, vamos aos melhores e piores filmes do ano. Importante lembrar que se trata de uma seleção pessoal. Pode ser uma boa base para quem busca o que assistir e o que evitar.
10 Melhores Filmes de 2024
1 – Duna: Parte 2
Denis Villeneuve entrega uma obra visualmente épica, aprofundando a mitologia e os conflitos humanos de Duna. Um espetáculo para fãs de ficção científica.
2 – Furiosa
A prequela de Mad Max brilha com a atuação visceral de Anya Taylor-Joy e cenas de ação emocionantes, mantendo a essência do universo pós-apocalíptico.
3 – Zona de Interesse
Um filme profundamente introspectivo que explora o Holocausto por um ângulo inédito, focando na vida cotidiana de quem o perpetrou.
4 – La Quimera
Alice Rohrwacher tece uma história poética e melancólica sobre a busca pelo passado e o peso do presente, com forte influência cultural italiana.
5 – Spider-Man: Beyond the Spider-Verse
A trilogia animada se encerra de forma magistral, elevando a narrativa e a criatividade visual a novos patamares.
6 – Todos Nós Desconhecidos
Uma abordagem sensível sobre relações humanas e autodescoberta, com atuações comoventes.
7 – Napoleão
Ridley Scott oferece uma visão grandiosa da vida de Napoleão Bonaparte, com Joaquin Phoenix brilhando no papel-título.
8 – Anora
Dirigido por Sean Baker, este drama realista explora os desafios sociais e econômicos em Coney Island, com uma abordagem visceral e intimista.
9 – Jurado Nº 2
Clint Eastwood retorna aos tribunais com um drama intenso que explora dilemas éticos e morais.
10 – Fallen Leaves
A história de dois corações solitários se cruza em uma narrativa comovente, com uma sensibilidade nórdica que traz reflexões profundas sobre o amor e o destino.
10 Piores Filmes de 2024
1 – Madame Teia
Um spin-off que falha em justificar sua existência, com um roteiro confuso e pouco inspirado.
2 – Borderlands
Apesar do potencial da franquia, a adaptação para o cinema não captura o humor e a energia caótica dos jogos.
3 – Hellboy e o Homem Torto
Mais uma tentativa frustrada de revitalizar o personagem Hellboy, com uma história genérica e efeitos decepcionantes.
4 – Atlas
Um filme de ficção científica que prometia muito, mas se perdeu em um enredo derivativo e com atuações apáticas.
5 – Coringa: Delírio a Dois
A sequência do aclamado Coringa não atinge o mesmo impacto emocional, parecendo exagerada e desnecessária.
6 – Rebel Moon 2
Apesar da estética deslumbrante, a falta de substância no roteiro torna a sequência de Zack Snyder monótona e repetitiva.
7 – Os Estranhos: Capítulo 1
Este thriller de terror carece de originalidade, oferecendo sustos previsíveis e personagens mal desenvolvidos.
8 – O Exorcismo
Uma tentativa de explorar o terror clássico que acaba sendo genérica e repleta de clichês do gênero.
9 – Canário Negro
Um spin-off da DC que não consegue estabelecer sua relevância, com narrativa arrastada e efeitos questionáveis.
10 – Mergulho Noturno
Um thriller que não consegue criar tensão suficiente, entregando uma experiência rasa e esquecível.