Estreia esta semana em Nova Friburgo A Lenda de Candyman. Em 1992 O Mistério de Candyman iniciou uma franquia de terror com um assassino sobrenatural com um gancho no punho que aparecia e matava suas vítimas sempre que seu nome era repetido cinco vezes em frente a um espelho. Uma lenda urbana interessante e com muito potencial. Essa sequência dirigida e coescrita por Nia DaCosta, segue os acontecimentos do original, pulando as fracas continuações de 1995 e 1999. É importante que seja ressaltado o forte tom crítico ao racismo que esta produção carrega. É um debate social forte e que ressalta as marcas deixadas pelos abusos e a violência segregadora. Só por essa questão já vale muito o ingresso! Nia DaCosta ainda consegue muitos outros acertos como a utilização do teatro de sombras, muito explorado para costurar a narrativa. Em uma Chicago fria e decadente, o peso visual é importante e conta com o ótimo trabalho de fotografia de John Guleserian. É bom ver Tony Todd mais uma vez como Candyman e o elenco conta ainda com as boas atuações de Yahya Abdul-Mateen II, Colman Domingo e Teyonah Parris. Apesar da violência, Nia DaCosta utiliza um jogo de espelhos o que tira o peso das cenas. A grande pergunta que fica é se a diretora conseguiu lidar com as mortes, principalmente por conta do final abrupto. Fica uma sensação de algo mal resolvido. Isso pode ser visto como um gancho, mas uma obra precisa fechar seu próprio arco dramático. Bom filme de terror, vale muito o ingresso e a indicação etária é para maiores de 16 anos.
Outra estreia desta semana é Infiltrado. Esse é um daqueles filmes que não deixa dúvidas do que vamos assistir e o experiente diretor britânico Guy Ritchie entrega exatamente o que é prometido, muita pancadaria, caras fechadas e um bom ritmo o que garante o interesse do público até o final. Jason Statham continua marrento e fazendo o que sabe, e muitos nomes conhecidos estão no elenco como Josh Hartnett, Andy García, Scott Eastwood e Eddie Marsan. O filme é um remake de Le convoyeur (Assalto Ao Carro Forte) de 2004 e um dos pontos mais fortes é a trilha sonora de Christopher Benstead, que repete quase que um mantra adicionando grande tensão. O roteiro, que tem aqui apenas a função de captar o interesse do público trazendo algum sentido para as ações, é obviamente negligenciado resumindo tudo a uma vingança desenfreada, mas isso é o que menos importa nesse caso. O filme é violento e Guy Ritchie soube bem o que fazer com o protagonista. Aos poucos H, como é conhecido o personagem de Statham, vai sofrendo as consequências de todos os acontecimentos criando forte identificação com o público e justificando suas ações. Para quem gosta deste formato vai agradar mas não vai se tornar uma referência do gênero. Vale sim o ingresso e a indicação etária é para maiores de 16 anos.
A última estreia desta semana é Pedro Coelho 2: O Fugitivo. Continuação da animação de 2018 que foi muito bem nas bilheterias e baseado na obra de Beatrix Potter, o que chega aos cinemas é uma evolução ainda melhor que o original e vai agradar a todos, principalmente as crianças. Casamentos são sempre bons pontos de partida, um clichê que ainda funciona e assim inicia a jornada de Pedro. Ele foge e se aventura na cidade ao descobrir que nos próximos livros seria retratado como o vilão das histórias. Apesar de alguns estranhamentos na interação dos humanos com os animais na tela verde, o CGI é convincente e visualmente muito bem desenvolvido. A narrativa busca sempre fazer boas piadas e consegue um ritmo bom com as confusões construídas pelos animais, sejam reais ou imaginárias, como ocorre logo no início no casamento. Entre os vários pequenos problemas, o que mais incomoda e a baixa qualidade dos diálogos quando os humanos interagem entre si, o que remete mesmo a uma produção voltada para crianças. Pode ter ocorrido algum improviso por conta dos desafios que o momento de pandemia impõe ao mercado audiovisual. Certamente ocorreram adaptações e limitações, principalmente com a direção e preparação do elenco. Pedro continua esbanjando carisma e o resultado é satisfatório, melhor até que o original. É uma ótima opção para um passeio com a família. Vale muito o ingresso e a indicação etária é livre para todos os públicos.
Sugestão: Para assistir em casa a dica desta semana vai para Fungos Fantásticos. Documentário surpreendente e disponível na Netflix, ele percorre um universo fantástico que nos acompanha desde o nosso nascimento, mas que é desconhecido e ignorado. Com os escritores Andrew Weil e Paul Stamets, a produção de 2019 nos apresenta uma rede que interliga tudo a todos, como uma teia, questionando a visão de espécie dominante e elevando o debate para o delicado equilíbrio que sustenta a vida no planeta Terra.
