Guerra e Paz

29/03/2022 11:46:31
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Ao longo da História, desde a antiguidade até nossos dias, houve sempre a alternância de períodos de guerra e de paz, dependendo da personalidade de quem detinha o poder. Alguns dos conquistadores e governantes foram até implacáveis:                                                                  

NABUCODONOSOR II, O GRANDE- (Reinou de 605 a 562 AC.)  Foi um dos maiores reis guerreiros da Babilônia, empreendendo grandes conquistas militares. Destruiu o Reino de Judá e sua capital Jerusalém, subjugou os hebreus, levando-os cativos. Devastou Nínive, a capital da Assíria. Tomou Tiro, aniquilando os fenícios.  Ampliou as suas fronteiras até o Egito. Seu território se estendeu pelos territórios dos atuais Iraque, Israel, Líbano, Palestina e Síria.                                                                                          

CIRO, “O GRANDE”- (Reinou de 559 a 530 AC.) – Rei do Império Persa, subjugou o poderio da Babilônia, cujo esplendor havia sido alcançado por Nabucodonosor, às custas do trabalho escravo, principalmente, dos judeus.  Ciro permitiu que os judeus voltassem à Judeia e reconstruíssem o Templo, em Jerusalém, que havia sido destruído por ordem do soberano babilônico (Relatado na Bíblia, Livro de Esdras, em todo o seu Capítulo I). Dentre os conquistadores, Ciro é considerado íntegro e generoso.                                                                                                       

ALEXANDRE MAGNO ou ALEXANDRE, O GRANDE (356-323 AC.) – Rei da Macedônia, herdou o trono de seu pai, Filipe II. Foi o maior líder militar da Antiguidade, tendo começado a sua carreira aos 18 anos de idade.  Ao morrer, aos 33 anos, os seus domínios se estendiam do sudeste da Europa à Índia.                                                                                                                                               

ÁTILA- REI DOS HUNOS (406 – 453) – Considerado “O Flagelo de Deus”, empreendeu uma campanha expansionista na Europa. Ele dizia a seu respeito: “Onde eu passar, a grama não crescerá”.                                                                                                                                          

GENGHIS KHAN (1162-1227) – Guerreiro mongol, impiedoso, cruel, considerado o mais sanguinário. Derrotou o Império Chinês e se autoproclamava: “ Eu sou o castigo de Deus”.

TAMERLÃO (1336-1405 ) –  O último dos grandes conquistadores nômades da Ásia Central. Com um poderoso e temido exército, construiu o “Império Timúrida”. Suas campanhas militares eram caracterizadas por cruéis e selvagens massacres.   

                                                                   

NAPOLEÃO BONAPARTE (1760-1821) – Estadista e líder militar francês, expandiu as fronteiras do seu império, na Europa, após uma série de vitórias obtidas com as “Guerras Napoleônicas”, sempre ao preço de muito sangue derramado. “O Poder É Minha Amante”, era sua frase predileta. Antes que ele tomasse Portugal, o governo inglês aconselhou D. João VI a transferir a sede do reino para o Brasil (colônia portuguesa). Foi o que aconteceu no ano de 1808.                    

JOSEF STALIN e VLADIMIR LENIN, lideraram a “Revolução Russa”, em 1917, que depôs o Czar Nicolau II do trono, que foi fuzilado, um ano depois, com toda a sua família.  Em 1922, na presidência de Stalin, 14 países foram anexados à Rússia, quando foi criada a “União das Repúblicas Socialistas Soviéticas”, a URSS, que perduraria até 1991, quando tais nações voltariam a ser independentes.            

                         

ADOLF HITLER (1899-1945) – Embora tenha sido um político da Alemanha, líder do Partido Nazista, Hitler nasceu na Áustria.  Ao dar início à expansão territorial germânica, começou por anexar, em março de 1938, a Áustria à Alemanha. O seu sonho de unificar a Europa foi se concretizando, ocupando a Polônia, Dinamarca, Tchecoslováquia, Noruega, Bélgica, Holanda, Luxemburgo, França, Hungria, Iugoslávia e Grécia.  No norte da África, sob o comando do Marechal Erwin Rommel – “A Raposa do Deserto”, ocupou Marrocos, Argélia e Tunísia. Dizia Hitler: “Não há nada na História, que não tenha sido conquistado sem o derramamento de muito sangue”.                                                                                                                  Como defensor da superioridade da “Raça Ariana”, perseguiu, segregou nos campos de concentração e matou, nas câmaras de gás, os que considerava racialmente inferiores: 6 milhões de judeus; de 1 a 1,5 milhão de ciganos; centenas de negros, homossexuais, deficientes físicos e mentais.  

Da época da II Guerra Mundial, guardo algumas lembranças, que me sensibilizam até hoje, mas com o noticiário da invasão da Ucrânia, elas afloram de forma acentuada como: 

-Uma mãe desesperada, em tardes sombrias, andando pelas avenidas que margeiam  o Rio Bengalas, porque seu filho fora convocado para a guerra;                                                                    

 -Uma flâmula na vidraça da janela da referida senhora, na Rua Oliveira Botelho nº 80, com os dizeres: “Daqui Partiu Um Pracinha”;                                                                                                            

-As campanhas do alumínio (eu doei um brinquedo, um aviãozinho), do chocolate e da meia, em prol dos expedicionários que estavam na Europa, no inverno;                                                       

-A morte de um médico da Marinha, que servira no Sanatório Naval (cuja esposa fizera amizade  com minha mãe), num dos navios torpedeados pelos submarinos nazistas, em águas territoriais brasileiras;

                                                                                                                             

-As revistas “Em Guarda”, endereçadas a meu pai, que publicavam os acontecimentos da guerra. Eu ainda não sabia ler, pois devia contar uns 5 anos de idade, mas ficava chocada com as fotografias. Uma delas era a de uma pilha de cadáveres- de pessoas que haviam morrido na câmara de gás – aguardando os sepultamentos em covas coletivas. Os corpos despidos impressionavam, porque eram esqueletos cobertos de pele, atestando que passaram muita fome, no campo de concentração;                                                                                                        

 -A falta de pão, devido à escassez do trigo, obrigando-nos a tomar café com batata-doce;

 -O racionamento da gasolina para automóveis, levando muitos dos seus proprietários  a optarem pelo gasogênio. Havia os que davam preferência à bicicleta, como meu pai que, sendo médico, fazia uso de uma “Peugeot” para ir ao domicílio de seus pacientes.

 Ao se aproximar o Natal de 1944, uma senhora muito piedosa, Dona Dulce Braune Barcellos (filha do dedicado farmacêutico Alberto Braune) foi às casas, onde havia criança, levando uma vela e pedindo que, na Noite Santa, à luz daquela vela, cada uma rogasse ao Menino Jesus, por um expedicionário friburguense. Minha mãe se comprometeu que eu seria responsável, em minhas orações, por aquele pracinha, cuja genitora chorava às margens do rio, e de cuja janela eu via a flâmula. Elas eram unidas por um forte laço de amizade. O expedicionário em questão, era o jovem Gaspar Reis Jasmim, o “Gasparzinho”, filho de Dona Maria Reis Jasmim, a nossa querida amiga, “Dona Mariquinha”.

O tempo passou, finalmente o “Dia da Vitória” (8 de maio de 1945) chegou. “Os Aliados” (EUA, Reino Unido, União Soviética e França), com a participação da Força Expedicionária Brasileira, haviam derrotado o impiedoso e sanguinário nazismo. Antes do embarque para o Brasil, os expedicionários brasileiros foram recebidos pelo Papa Pio XII, que abençoou seus objetos religiosos, como terços e medalhas.

 Aquela mãe, Dona Mariquinha, voltou a sorrir, para nossa alegria, e eu ganhei um medalhão de Nossa Senhora das Graças, abençoado pelo Papa, trazido pelo meu afilhado “Gasparzinho”, o qual conservo com carinho e devoção.           

                                          

Lamentavelmente, dos expedicionários friburguenses que lutaram na Itália, só Antônio Durval de Moraes não retornou. Como padioleiro, ao prestar socorro a um soldado ferido, morreu como herói, ao pisar numa mina.

 A II Guerra Mundial foi responsável pela morte de 40 milhões de civis e de 20 milhões de soldados. Com uma lição tão dura, diante de um número gigantesco de vidas perdidas, de tanto sofrimento e de tanta destruição, todos tinham a convicção de que outra guerra mundial jamais votaria a acontecer.

 Um momento muito crítico voltaria a acontecer 17 anos depois, quando aviões americanos U-2 constataram a existência, em Cuba, de uma base de lançamentos de mísseis soviéticos direcionados ao território dos EUA.  O Presidente americano John Kennedy deu um prazo ao líder soviético Nikita Khruschev, para que as instalações fossem retiradas.                                                                                                             

Os dias iam passando e a Rússia não cedia.  A possibilidade de uma III Guerra Mundial era iminente. Estava instalada a “CRISE DOS MÍSSEIS”, de 16 a 28 de outubro de 1962, que ficaria conhecida como “Os Treze Dias Que Abalaram o Mundo”. Após uma reunião do Conselho de Segurança da ONU, que promoveu as negociações, Nikita Khrushchev aceitou retirar os mísseis de Cuba, e Kennedy se comprometeu a desativar uma base militar na Turquia.         

O que aumentou a minha expectativa, naquele período, foi eu ter assistido ao filme “A Hora Final”, com Gregory Peck. Contava o episódio de uma guerra nuclear entre dois países, na Europa, que ficaram destruídos. Com a rotação da Terra, os demais países iam sendo contaminados, aos poucos, pela radioatividade, e as populações tinham consciência do momento em que seriam atingidos. Diante da realidade das poucas horas de vida, cada qual reagia de uma forma diferente. 

Muitos povos tiveram o privilégio de ter governantes piedosos e, alguns deles, foram até canonizados como santos, pela Igreja Católica (o Imperador Constantino I, foi canonizado pela Igreja Ortodoxa):                                                                                                              

CONSTANTINO I, IMPERADOR ROMANO de 272 a 337-  Convertido ao Cristianismo, em 313, foi o primeiro imperador a dar liberdade de culto aos cristãos, pelo “Édito de Milão”. Sua mãe, STA. HELENA, foi a responsável pela construção de igrejas como a da Natividade e a do Santo Sepulcro, em Jerusalém;                                                                                                                                                 

STO. ESTEVÃO, REI DA HUNGRIA – Governou de 1000 a 1038. Para unir as diversas tribos hostis que povoavam o seu reino, usou a cristianização, reunindo-as sob a fé de Cristo ;                                                                                                                                                                  

STO. EDUARDO, REI DA INGLATERRA –  Reinou de 1042 a 1066. Neto do santo mártir Edgar, rei da Grã-Bretanha, Eduardo viveu um longo exílio, com seus pais, durante a invasão do reino, pelos dinamarqueses. Ao assumir o trono, logo reinstituiu as leis cristãs preconizadas pelo seu avô, conhecidas pelo nome de “Leis de Sto. Eduardo”;                                                                                                       

STA. EDWIGES–   Viveu de 1174 a 1243. Casada com Henrique I, Príncipe da Silésia, um dos principados da Polônia. Não governou, mas exerceu fortes influências políticas nas decisões do marido, interferindo na elaboração de leis mais justas, para o povo.                                                             

SÃO LUÍS IX, REI DA FRANÇA – De 1226 a 1270. Sua maior preocupação era a administração da justiça, dedicando todos os dias algumas horas a ouvir qualquer pessoa que o procurasse. Era de grande caridade para com todos;                                                                                                   

STA. ISABEL, RAÍNHA CONSORTE DE PORTUGAL – Casada com o Rei D. Dinis, viveu de 1271 a 1336. Evitou um conflito armado, que traria instabilidade para o trono e sofrimento para o povo. Passava a maior parte do tempo em oração, e em ajudar os pobres. É chamada de RAÍNHA DA PAZ.

 No momento, é com revolta, consternação e perplexidade que o mundo vê a pacífica Ucrânia ser invadida, covardemente, pelas tropas russas, gerando o temor de uma III Guerra Mundial.    

                                                                                                 

O que pretende o Presidente Putin? Deixar o seu nome na História, como o líder temido e poderoso da Revolução Chinesa, Mao Tsé-tung que, em 1949, fundou a “ República Popular da China” e, em 1950, invadiu e anexou o Tibete?  Como o líder sanguinário Pol Pot, ditador do Camboja, de 1976 a 1979?  Ou como o Presidente da Síria, Bashar Al-Assad que está no poder desde 2000 e reprime, com violência, toda a oposição à sua ditadura, como em Aleppo?

 Vladmir Putin que passava a imagem de um político sensato, agora, dominado pela vaidade e pela ambição, demonstra sua verdadeira personalidade: ditador, déspota, tirano, sádico (se sentindo realizado com a orfandade de crianças; com o sofrimento de mães e pais que viram a morte de seus filhos; com a fragilidade de pessoas idosas e indefesas; com muito sangue derramado e muitas vidas perdidas; com a destruição de escolas, hospitais e residenciais; com a escassez de alimentos que leva à fome; com o pânico dos que têm de fugir dos bombardeios, deixando os seus lares; com o desgosto dos homens que têm de trocar suas profissões pelas armas).                                                                                   

Ao se conscientizar de que é o responsável por tanta desgraça, deve bater no peito, com muito orgulho e, como “He-Man”, dizer: 

                                                            “EU TENHO A FORÇA. EU TENHO O PODER”!  

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