O FASCÍNIO DOS CONCURSOS DE BELEZA

30/06/2023 18:36:28
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Publicado em 01/10/2014

Numa tarde, de um certo dia, do distante ano de 1960, estava em meu quarto, na Pensão Sete de Setembro, em Petrópolis, quando fui surpreendida pelo chamado da dona da referida pensão. Ela queria que eu conhecesse uma senhora, que estava visitando duas amigas ali hospedadas, Beth e Margot. Não era uma qualquer, tratava-se daquela que havia sido a primeira Miss Brasil. Além disso, o que causava curiosidade é que constava que ela havia feito uma cirurgia plástica facial, algo inédito e fora do comum, para a época. Ela costumava passar longas temporadas na Cidade Imperial, não deixando de assistir às missas dominicais, na Catedral de São Pedro de Alcântara. Trajava-se com muita elegância, não dispensando as luvas. Seu nome, Violeta Lima Castro. Para mim, aquela personagem era irreal, como se tivesse saído de um romance de ficção.

Ao passar o período de férias, em minha casa, em Nova Friburgo, comentei com meus familiares a respeito de tal pessoa, e minha avó materna, Henriqueta Esteves Ferreira Alves, imediatamente, falou:

– Nós fomos contemporâneas no Instituo Nacional de Música, no Rio. Fazíamos os Cursos de Piano e Canto, mas éramos de turmas diferentes. Ela era conhecida pelo apelido de Bebê.
A partir daquele momento, comecei a pesquisar a sua vida. Ela nasceu em Paris, no ano de 1879, mas foi registrada no consulado brasileiro. Em 1900, foi eleita Miss Brasil, num concurso promovido pelo jornal “ Rua do Ouvidor” (Rio de Janeiro), em que foi escolhida pelos leitores, através de votos enviados para a redação do referido jornal. Durante sua existência, alternava períodos na Europa e no Brasil, sendo uma cantora lírica muito apreciada, apresentando-se até no Teatro Municipal, do antigo Distrito Federal. Faleceu em maio de 1965, aos 86 anos de idade, na Urca, no Rio.

Naquele tempo, os concursos não tinham continuidade. Depois do ano de 1900, somente em 1922, tivemos uma nova Miss Brasil, a santista, Zezé Leone. Em 1928, o jornal “Diário do Povo” promoveu um concurso para eleger a “Rainha dos Subúrbios Cariocas”, sendo a candidata, também, escolhida pelo voto dos leitores. O título foi para a representante de Vila Isabel, a Srta. Zuleika Esteves Ferreira Alves (minha mãe), de 15 anos de idade, e a eleição ganhou as manchetes da imprensa da época. A revista “Vida Nova” fez uma entrevista com a eleita, em sua residência, e a “ Nossa Terra” publicou, em uma de suas páginas, a sua foto.

Em 1929, o concurso Miss Brasil retornou, com a vitória da carioca Olga Bergamini de Sá e no ano seguinte, 1930, com a da gaúcha, Yolanda Pereira. Mais uma vez, a sequência do concurso seria interrompida, pois ocorreu um em 1932 e outro, somente, em 1939, sendo vencedoras, respectivamente, Yeda Telles de Menezes e Vânia Pinto. Houve mais um, em 1949, quando o título foi para a bela morena Jussara Marques. 

A partir de 1954, quando foi eleita, a insuperável e deslumbrante baiana, Marta Rocha, no Hotel Quitandinha, em Petrópolis, o concurso nunca mais foi interrompido. Ela obteve, em Long Beach, Califórnia, o 2º lugar, no concurso de Miss Universo. Patrocinado pelos maiôs Catalina e pelos produtos Helena Rubinstein, o Miss Brasil, em 1958, foi transferido, para o Maracanãzinho, no Rio, quando foi eleita Adalgisa Colombo e muito bem representou o nosso Estado, a Srta. Eunice Xavier de Brito (hoje, Eunice Lobo), a nossa “eterna Miss”.

Durante o tempo em que o Rio de Janeiro foi Estado da Guanabara, causou grande sensação, em 1964, a escolha de uma mulata, do Renascença Clube, Vera Lúcia Couto dos Santos para ser sua representante, que obteve o 2º lugar, no concurso de Miss Brasil e uma composição de João Roberto Kelly, em sua homenagem, “Mulata Bossa Nova”.

O Brasil, por duas vezes, foi destacado com o título de Miss Universo, em 1963, com a gaúcha Iêda Maria Vargas e, em 1968, com a baiana Marta Vasconcelos. Duas misses do antigo Estado da Guanabara se destacaram em concursos no exterior, em 1968, Maria da Glória Carvalho obteve o título de Miss Beleza Internacional e, em 1971, Lúcia Peterle, o Miss Mundo. No ano de 1973, o Concurso Miss Brasil foi transferido para Brasília e, ao longo do tempo, sofreria várias modificações.

Em nossa cidade, nos “Anos Dourados”, os concursos de beleza, também, proliferaram: Rainha da Primavera, Rainha dos Estudantes, Miss Sueter, Charme-Girl, Glamour- Girl, Rainha da Lavoura (a lembrança da graciosa Letícia Gripp), Musa dos Jogos Florais (ainda existente), e até Rainha do Perfume. Quatro Misses Nova Friburgo obtiveram o título de Miss Estado do Rio de Janeiro: Eunice Xavier de Brito, já citada, no de 1958, Elizabeth dos Santos Cardoso, em 1977, Keity Dembergue Gripp em 2000 e Fernanda Louback, em 2003.

É como dizia o poeta, “beleza é fundamental”.

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