O Funeral da Realeza

19/09/2022 11:36:08
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Nos dias presentes, a imprensa de todo o mundo tem dado destaque às exéquias da Rainha do Reino Unido e Irlanda do Norte, Elizabeth II, em Londres, Inglaterra.

Tais solenidades têm me reportado ao passado, ao ano de 1952 – sesquicentenário da Independência do Brasil – quando tiveram início, no mês de abril, os preparativos das comemorações, com a chegada dos restos mortais de D. Pedro I, vindos de Portugal.

Segundo o “Jornal do Brasil” de 23 de abril de 1972, no Rio de Janeiro, no meio da Baía da Guanabara, o esquife foi transferido do navio português “Funchal” para o brasileiro “Piraquê”. Em terra, foi colocado num tanque anfíbio, modelo M-59, ladeado pela guarda montada dos “Dragões da Independência”.

O cortejo atravessou a cidade até chegar à “Quinta da Boas Vista”, em São Cristóvão (antiga residência dos imperadores e seus familiares), onde já se encontravam o governador do Estado do Rio, Chagas Freitas, autoridades civis e religiosas, bem como membros da família imperial: D. Pedro Gastão e sua esposa, vindos de Petrópolis e D. Pedro Henrique e esposa, procedentes de Vassouras.

Os restos mortais de nosso primeiro monarca ali permaneceram, por três dias, onde foram velados por súditos devotados e fiéis.

Eu e meu pai fomos ao Rio, especialmente, para participar do velório. O ambiente era de muita sobriedade e respeito, e bandeiras do Império do Brasil guarneciam o salão. Os “Dragões da Independência” faziam a guarda da urna funerária, em cuja cabeceira havia um crucifixo e velas. Eu levei uma rosa e a coloquei aos pés da urna.

A impressão que se tinha era a de que D. Pedro I havia falecido, horas antes, e que seu corpo havia sido colocado no caixão, há poucos instantes. Foi emocionante!

Depois de um bom tempo no local, eu e meu pai nos sentamos num dos bancos dos jardins da “Quinta da Boa Vista”. Anoitecia, e o palácio estava todo iluminado por refletores.

Prosseguindo, de acordo com o “Jornal do Brasil”, depois deste período de velório, o ataúde percorreu outras cidades, permanecendo alguns dias em Belo Horizonte, quando D. Pedro I recebeu grandes homenagens, assim como em Porto Alegre.

Finalmente, no dia 7 de setembro de 1972, os despojos do Imperador foram depositados na capela imperial do “Monumento do Ipiranga”, na cidade de São Paulo, onde já se encontravam os da magnânima Imperatriz Leopoldina, sua primeira esposa (grande incentivadora da independência), desde 1954, ano do “IV Centenário de São Paulo”. Até então, os restos mortais da Imperatriz, estiveram repousando num mausoléu no Convento de Santo Antônio, no Largo da Carioca, no Rio de Janeiro.

“Aqueles de amamos nunca morrem, apenas partem antes de nós” (Amado Nervo, poeta mexicano).

        
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