Pessoas famosas que vi ao longo da vida

01/02/2022 19:11:06
Compartilhar

Ao longo da minha vida, tive o privilégio de ver algumas pessoas consideradas importantes, por terem se destacado nas mais variadas atividades.

A primeira foi o Presidente GETÚLIO VARGAS, em 30 de maio de 1943, ao retornar de Cordeiro, onde fora inaugurar a Exposição Agropecuária. Visitou a sede da Prefeitura Municipal, na Praça XV de Novembro (hoje, Praça Getúlio Vargas e prédio da Fundação D. João VI) e discursou, de uma de suas janelas, à multidão presente. Para que eu pudesse vê-lo, papai me levantou em seus braços. A seguir, Getúlio atravessou a praça, cercado por autoridades locais, e dirigiu-se à Rua General Câmara (atual Rua Augusto Spinelli) para inaugurar a sede da Legião Brasileira de Assistência, num suntuoso casarão, hoje infelizmente, desativado.

Em 1945, passei uns dias em Niterói, na Rua XV de Novembro, na casa de uma comadre de minha avó materna, cujo marido era zelador do Teatro Municipal. Uma área da moradia dava para o teatro e, de uma das janelas, eu vi a atriz EVA TUDOR ensaiando.                                                                                

 Alguns anos depois, ao atravessar a Praça Barão de Mauá, no Rio de Janeiro, em companhia de meus pais, vi a consagrada cantora EMILINHA BORBA, cercada de fãs, entrando na portaria do edifício do jornal “A Noite”, dirigindo-se à Rádio Nacional, que funcionava no 22º andar daquele prédio.            

Na plateia da referida emissora, numa tarde de sábado, tive a oportunidade de assistir, com meus pais, o famoso “PROGRAMA CÉSAR DE ALENCAR”.

No Carnaval de 1948 (8, 9 e 10 de fevereiro), eu participei do Concurso Infantil de Fantasias do Clube de Xadrez. No desfile, eu estava fantasiada de “Dama Antiga” e, logo atrás de mim, um menino de “Escocês”. Mal podia imaginar que aquele garoto, no futuro, se tornaria o famoso compositor MARCOS VALLE, com o seu irmão PAULO SÉRGIO VALLE.  

Em 1949, os atores ANSELMO DUARTE e ILKA SOARES se casaram, ficando alguns dias da “Lua de Mel”, em nossa cidade, hospedados no “Hotel Friburguense” (prédio antigo em frente à antiga Estação Ferroviária, atual Prefeitura Municipal), de propriedade da família do diretor Watson Macedo. Recordo-me que eu estava no jardim de minha casa, quando eles passaram vagarosamente, pela minha rua, num carro de capota arriada.

A Sra. ALZIRA VARGAS do AMARAL PEIXOTO, no ano de 1952, recebeu o “Título de Cidadã Friburguense” da Câmara Municipal de Nova Friburgo (no antigo prédio da Câmara, hoje, “Fundação D. João VI), com as presenças, dentre outras, do Prefeito José Eugênio Muller, do Deputado Dante Laginestra e de sua esposa D. Maria Duque Estrada Laginestra. O Colégio Nossa Senhora das Dores se fez representar por uma comissão de alunas, estando eu, entre elas, na companhia de duas irmãs doroteias.

Em 1954, durante o mês de maio, a Seleção Brasileira de Futebol ficou concentrada, em nossa cidade, se preparando para disputar a Copa do Mundo de 54. Hospedada no Hotel Sans Souci, treinava no campo do recém-construído campo do Friburguense Futebol Clube, no Parque São Clemente.  Certa tarde, os jogadores disputavam uma partida de vôlei (como forma de exercício), na quadra da Sociedade Esportiva Friburguense, quando começou a chover. O repórter e fotógrafo da revista “O Cruzeiro”, LUIS CARLOS BARRETO que precisava ir à sede da SEF, no alto da colina, pediu emprestado o meu guarda-chuva.     

No mês de julho de 1954, o político TENÓRIO CAVALCANTI, esteve em nossa cidade, atuando como advogado de defesa, numa sessão do Tribunal do Júri, realizada no prédio do antigo fórum. Após sua conclusão, com a excentricidade que lhe era peculiar, desfilou pelas ruas principais, no seu carro, um Cadillac conversível, com a capota arriada. Trajava uma capa preta, colete à prova de bala, empunhando a sua famosa metralhadora, chamada “Lourdinha”. Eu testemunhei este fato, pois estava na Alberto Braune.

No ano de 1955, em campanha eleitoral à presidência da República, vi o candidato ADHEMAR DE BARROS, Governador de São Paulo, em meio a eleitores, atravessando a nossa praça principal, após a realização de um comício no final da mesma.

 Por volta de 1958/59, eu vi o Brigadeiro EDUARDO GOMES, num domingo, em companhia da senhora sua mãe, D. Jenny Gomes, participando de uma missa, na Catedral de São Pedro de Alcântara, em Petrópolis. Ele foi um dos sobreviventes do episódio conhecido pelo nome d’ “OS 18 DO FORTE” (o outro foi Siqueira Campos), ocorrido em 1922, na Av. Atlântica, em Copacabana. Ele criou o Correio Aéreo Militar que viria a se tornar Correio Aéreo Nacional. Por duas vezes, foi candidato à presidência da República, em 1945, quando ganhou Eurico Gaspar Dutra e, em 1950, quando venceu Getúlio Vargas. Durante o período eleitoral, eram vendidos doces para angariar fundos para a sua campanha que, posteriormente, ficariam conhecidos pelo nome de sua patente, BRIGADEIRO.

No dia 25 de fevereiro de 1960, foi inaugurada, em nossa praça principal, uma placa comemorativa, marco inicial da temporada de veraneio do governo estadual, em Nova Friburgo, com as presenças do Governador ROBERTO DA SILVEIRA, do Prefeito Amâncio Mário de Azevedo e de outras autoridades locais. A seguir, a comitiva se dirigiu à residência escolhida para abrigar o governador, o palacete construído pelo 2º Barão de Duas Barras, Elias Antônio de Moraes, em 1876 (onde, mais tarde, funcionaria a FONF). Quando o jovem governador chegou, as portas do palacete foram abertas, e ele foi surpreendido por uma chuva de pétalas de flores atiradas por senhoritas de nossa sociedade (dentre elas, eu) que, posteriormente, serviriam o coquetel.  Assim, tive a oportunidade de conhecê-lo.

A Associação Friburguense dos Estudantes Universitários (AFEU), sob a presidência do universitário Dante Magliano, em 15 de janeiro de 1961, homenageou o compositor e radialista LAMARTINE BABO, com um baile, na Sociedade Esportiva Friburguense. Dante me apresentou a ele, fazendo elogios a meu respeito, dizendo-lhe que eu me dedicava muito aos estudos, me destacando na minha turma. Imediatamente, ele improvisou uma quadrinha: “Para Leila= Estudante de Direito/ Como o perfume exala/ no jardim do amor- perfeito / és a primeira da sala/ em qualquer salão…direito”.

Em 1961/62, a nossa primeira MISS BRASIL-1900, VIOLETA LIMA CASTRO frequentava muito a Pensão Sete de Setembro (onde eu morava, em Petrópolis, no meu tempo de estudante da UCP). Ela ia visitar as amigas Beth e Margot que passavam temporadas, na referida pensão.

 Por esta ocasião, da janela do meu quarto, na pensão acima citada, eu via o PRÍNCIPE D. PEDRO GASTÃO DE ORLEANS E BRAGANÇA (neto da Princesa Isabel) conduzindo sua charrete pela Rua da Imperatriz, em seu passeio matinal, pelo Centro Histórico. Ele residia, com sua família, bem próximo dali, no Palácio do Grão-Pará.

Eu tinha por hábito, levar os meus livros e estudar no jardim do Museu Imperial. Numa tarde, no banco em que eu estava, sentou-se uma babá, ao meu lado, com umas crianças, que logo começaram a brincar no gramado. Em conversa, tomei conhecimento de que se tratava de uma aia, que acompanhava os PRÍNCIPES MANOEL ÁLVARO, CRISTINA MARIA e FRANCISCO HUMBERTO, os três filhos mais novos de D.  PEDRO GASTÃO e de sua esposa, a princesa D. MARIA DE LA ESPERANZA DE BOURBON.  Foi emocionante e inesquecível. 

 Ainda em Petrópolis, tive a oportunidade de ver as famosas cantoras ANGELA MARIA, ELIZETE CARDOSO e SILVINHA TELLES. A primeira deixando o Hotel Quitandinha, onde esteve hospedada, em companhia do seu marido, o empresário carioca Rodolfo Valentino Aleksitch.  A segunda, na Rua do Imperador, entrando num edifício, onde morava sua filha. A terceira se apresentando num baile da Faculdade de Direito da UCP, no Clube Petropolitano.

No ano de 1962, num evento realizado pelo Serrano Futebol Clube, no seu Estádio Atílio Marotti, em Petrópolis, foi homenageado o bi- campeão mundial de futebol da Seleção Brasileira, o famoso driblador “GARRINCHA”. Eu me recordo que ele estava acompanhado da popular cantora ELZA SOARES.

Marcante foi quando passei uma temporada na cidade de São Paulo, em 1964, na residência de um casal amigo de meus pais. Num domingo, fomos a Santos, quando tive a oportunidade de obter o autógrafo de “PELÉ”- ÉDSON ARANTES DO NASCIMENTO, o “Rei do Futebol”.    

Numa festa do Outeiro da Glória, no Rio, em companhia de minha saudosa mãe, eu vi o conceituado político NEGRÃO DE LIMA, Governador do Estado da Guanabara (de 1965 a 1971), na procissão, ajudando a carregar, piedosamente, o andor de Nossa Senhora.

 Por volta de 1968, vi o cantor (com o título de “Campeão das Madrugadas Paulistas”), ator e apresentador HUGO SANTANA, vindo da TV-RIO, caminhando pela Av. Nossa Senhora de Copacabana, esquina de Joaquim Nabuco, descontraidamente, degustando crocantes pipocas.

Numa bela tarde de sábado, no auge do sucesso, o versátil cantor WILSON SIMONAL estava com o seu “famoso” jeep cor-de-rosa, estacionado na Av. Atlântica.

 “O Rei do Bolero”, o cantor GREGÓRIO BARROS, nos últimos anos da década de 1960 e no início da década de 1970, foi proprietário de uma sapataria em nossa cidade, na “Galeria Central ”, quando tive a ocasião de vê-lo.

Em setembro e dezembro de 1980, e em abril de 1981, o meu marido Carlos Melo, em parceria com os proprietários da “Churrascaria Chico Rey”, apresentaram os renomados cantores CAUBY PEIXOTO, EMÍLIO SANTIAGO e PERY RIBEIRO, quando tive a oportunidade não só de assisti-los, como de conversar com eles. A mesma oportunidade eu teria, tempos depois, na apresentação do excelente cantor  AGNALDO TIMÓTEO, no Clube de Xadrez.

No dia 30 de abril de 1984, em Nova Friburgo, no auditório da Faculdade de Filosofia Santa Doroteia, quem proferiu uma palestra, foi o líder comunista LUIZ CARLOS PRESTES, que estava acompanhado de sua filha mais velha, a historiadora ANITA LEOCÁDIA BENÁRIO PRESTES. Ela nasceu no Campo de Concentração Barnimstrasse, em Berlim, em novembro de 1936, pois sua mãe, Olga Benário Prestes, alemã de origem judia, ainda grávida, fora extraditada para a Alemanha, pelo governo brasileiro. Anita, aos 14 meses, foi entregue à sua avó paterna que a criou. Olga morreria em 1942, na câmara de gás, com mais 199 judeus (Esta trágica história, foi contada de maneira primorosa, no emocionante filme “OLGA”, do competente diretor Jayme Monjardim).

Quem transitava há umas duas décadas, pelas ruas da cidade do Rio de Janeiro, pregando o amor, a paz e a concórdia era o profeta “GENTILEZA”, cujo nome era José Datrino.  As suas mensagens ficaram gravadas em 55 pilares da Avenida Brasil, com a caligrafia que lhe era peculiar, sendo sintetizadas na sua famosa frase: “ Gentileza gera gentileza”. Eu cheguei a vê-lo, muitas vezes, trajando um camisolão branco, empunhando uma folha de palmeira, usando longos os cabelos e a barba branca. Lembrava uma figura bíblica.  

 O Presidente da República FERNANDO COLLOR DE MELLO (de 1990 até sua renúncia, em dezembro de 1992), quando de sua campanha eleitoral à presidência, esteve em nossa cidade, no dia 13 de julho de 1989. Após um comício na Praça Demerval Barbosa Moreira, eu me recordo que ele cruzou a Alberto Braune, cercado por uma multidão que ocupava avenida, literalmente.

No final da década de 1990, ao passar pela Av. Nossa Senhora de Copacabana, vi o ator principal do filme “O Pagador de Promessas”, premiado em Cannes, em 1962, com a “Palma de Ouro”, LEONARDO VILLAR entrando no prédio onde morava, o “Edifício Real” (ao lado do Cine Roxy).

Por volta do ano 2010, certa tarde, na Av. Nossa Senhora de Copacabana, ao aguardar  que um sinal de trânsito se abrisse, fiquei ao lado da atriz, cantora, maquiadora, transformista “ROGÉRIA”- Astolfo Barroso Pinto. Eu lhe disse: Que prazer vê-la, pessoalmente, pois aprecio muito o seu trabalho. E em meio ao nosso breve diálogo, ela me fez um pedido: “Em suas orações, reze por mim, como Rogéria e como Astolfo”.

Em julho de 2013, foi realizada a “Jornada Mundial da Juventude”, no Rio de Janeiro, com a presença do PAPA FRANCISCO. Ele ficou hospedado na residência oficial do Arcebispo D. Orany Tempesta, na Estrada do Sumaré, um dos caminhos de acesso ao Cristo Redentor. Quando o Papa vinha presidir alguma cerimônia religiosa, no altar montado na Praia do Leme, ele fazia o percurso de helicóptero, que o deixava no Forte de Copacabana- Posto 6.  A seguir, fazia uso do papamóvel, que o transportava pela Avenida Atlântica ao local do referido altar. Durante todo o trajeto, ele ia abençoando o povo aglomerado, ao longo da avenida. Eu sentia que um halo de santidade e paz que o envolvia, acabava por abranger as pessoas que o circundavam. Era uma visão celestial.

Por volta de 2018, em Nova Friburgo, indo a uma churrascaria, lá se encontrava o cantor e compositor MARTINHO DA VILA, tendo a oportunidade de cumprimentá-lo.

 No mês de outubro de 2019, numa tarde, visitando a Igreja de Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, lá estava a popular cantora ELBA RAMALHO, devota ardorosa da Virgem Maria.

E assim, completando esta longa trajetória, chego à conclusão que posso usar o slogan de um antigo noticiário radiofônico, dizendo que eu tenho sido: 

  “TESTEMUNHA OCULAR DA HISTÓRIA”.

Compartilhar