Calor extremo afeta saúde, produtividade e economia

16/11/2023 06:42:00
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CRIANÇAS PEQUENAS, IDOSOS E PESSOAS COM COMORBIDADE SÃO AS QUE MAIS SOFREM COM ALTAS TEMPERATURAS –


O Brasil está enfrentando a quarta onda de calor no ano, com novos recordes de temperatura e alerta de “grande perigo” para 15 estados e o Distrito Federal emitido pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).


Temperaturas mais altas são comuns nesta época do ano, de transição entre a primavera e o verão. Mas, desta vez, o calor foi intensificado pelo El Niño, fenômeno que deixa as águas do oceano mais quentes, e pelos efeitos do aquecimento global, provocado pelas emissões de gases do efeito estufa.


E a expectativa é de piora: estudos científicos estimam que conforme a temperatura média global aumente, cresçam também a frequência e a intensidade de ondas de calor.


No Brasil, dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), publicados pelo g1, já mostram um aumento brutal de ondas de calor nos últimos 59 anos: se até os 1990, elas somavam 7 dias, entre 2011 e 2020 chegaram a 52 dias.


O problema é que o calor excessivo traz consequências sérias para a sociedade, como piora de condições de saúde, prejuízos para o cultivo e a colheita de alimentos, danos à infraestrutura e redução da produtividade no trabalho.


Aumento de mortes e problemas de saúde
A exposição excessiva ao calor apresenta riscos à saúde e pode causar problemas como desidratação, tontura, náuseas, confusão mental, convulsões e, em casos extremos, até a morte. Os riscos, em geral, são maiores para idosos, crianças pequenas e pessoas com comorbidades.


Para responder ao calor, o corpo humano redistribui o fluxo sanguíneo, transferindo o calor dos músculos para a pele e, depois, para o ambiente na forma de suor. Esse processo exige, segundo a Lancet, que o coração trabalhe com mais força e rapidez, aumentando os riscos para pessoas com doenças cardíacas, por exemplo. De acordo com a Lancet, idosos morrem mais de eventos cardiovasculares do que quase todas as outras causas de morte relacionadas ao calor combinadas.


Piora da saúde mental
Ao longo dos últimos anos, várias pesquisas vem mostrado correlações entre aumentos expressivos de temperatura e problemas de saúde mental.


Ondas de calor e dias de calor extremo vem sendo associados à maior irritabilidade, ao aumento de sintomas de depressão e ansiedade e até a um maior número de suicídios. A dificuldade de dormir bem no calor também pode agravar sintomas de doenças mentais.


Um estudo publicado em fevereiro na Lancet mostrou que o aumento acima do usual de apenas 1ºC na temperatura ambiente aumenta a probabilidade de sofrer depressão e ansiedade.


Temperaturas mais altas do que o normal também podem levar a problemas de memória, atenção e de reação, segundo a Associação Americana de Psiquiatria. Há, ainda, evidências da relação entre temperaturas muito altas e o aumento da violência e da agressividade.


Redução de produtividade e horas trabalhadas
O calor extremo afeta a produtividade das pessoas no trabalho por aumentar o risco de estresse térmico (excesso de calor recebido que o corpo consegue tolerar sem comprometer as funções fisiológicas), que impacta, principalmente, aqueles que trabalham ao ar livre -como agricultores, operários da construção civil e da indústria – ou em espaços mal ventilados e sem ar-condicionado, caso de muitos dos milhões de trabalhadores da indústria têxtil.


Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), temperaturas acima dos 24 a 26ºC já estão associadas à redução da produtividade de trabalho. A 33 ou 34ºC, trabalhadores perdem cerca de 50% da sua capacidade de trabalho em atividades de intensidade moderada.


Prejuízos para agricultura e pecuária
Temperaturas mais altas que o normal podem afetar a produção agrícola de diferentes maneiras, a depender da combinação com maior ou menor umidade do ar, precipitação e do tipo de cultura. O calor pode impactar negativamente a qualidade de hortaliças, por exemplo, e reduzir os rendimentos de culturas, como soja, milho e algodão.


Sobrecarga dos sistemas de energia
Com o calor, aumenta o uso de ares-condicionados e ventiladores, levando a um crescimento da demanda por energia elétrica. Nesta terça-feira (14), o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) registrou um novo recorde da demanda nacional: pela primeira vez na história, a carga no sistema elétrico ultrapassou o patamar de 100 GW (gigawatts).


O aumento do uso de eletricidade em dias muito quentes coloca pressão no sistema elétrico justamente quando as pessoas mais dependem dele e pode, eventualmente, provocar apagões e outras falhas.
Danos à infraestrutura


O asfalto, por exemplo, pode amolecer com temperaturas mais altas. Já o concreto, usado muitas vezes em rodovias, pode expandir, provocando rachaduras ou encurvaduras.

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