COM 31 ANOS, ELA É A 52ª POLICIAL ASSASSINADA ESTE ANOS NO ESTADO DO RIO –
Por Leonardo Ribeiro – Jornal Extra
Uma mulher determinada e que desempenhava com seriedade suas funções na estrutura da 8ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM). É dessa forma que colegas de profissão descrevem a Cabo PM Vaneza Lobo, de 31 anos, assassinada na sexta-feira, 24/11, à noite, em frente de casa, em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio.
Há 10 anos na Polícia Militar e formada em Direito, Vaneza foi condecorada com o distintivo “Lealdade e constância” pela corporação e se formou com nota máxima no curso especial de formação de cabos.
— Estamos devastados. Estava em casa quando soube da notícia, não acreditei. Minha irmã sempre foi muito tranquila, idônea. Nunca soube de ameaças, ou se ela tinha inimigos. A gente tinha receio pela profissão que ela exercia, mas nunca imaginei que ela poderia ser vítima de uma tragédia — diz aos prantos Andreza Lobo, irmã mais velha da policial.
A descrição feita pela irmã, que define Vaneza como “tranquila, idônea” bate com informações obtidas pelo Globo junto a colegas de farda. A policial dava expediente em serviços internos de inteligência na 8ª DPJM e não participava rotineiramente de operações de campo.
As duas principais hipóteses para explicar a motivação do crime, por enquanto, são: retaliação dos criminosos por conta do trabalho realizado pela policial — que investigava a atuação de milícias — ou o fato de milicianos suspeitarem que ela estaria passando à corporação informações sobre a movimentação dos bandidos no cotidiano da localidade onde vivia.
Criadas na época áurea das Unidades de Polícia Pacificadora, as DPJM são voltadas hoje, basicamente, para a investigar a participação de policiais tanto nas milícias quanto no jogo do bicho. De acordo com colegas de Vaneza Lobão, a policial raramente participava de operações na rua. De acordo com a família, o enterro será realizado neste domingo às 16h no Jardim da Saudade de Sulacap.
TIROS NA PORTA DE CASA
Era por volta de 21h30 da última sexta-feira, dia 24/11, quando a policial militar Vaneza Lobo, de 31 anos, já em um momento de folga, estava pronta para ir a academia e acabou alvo de tiros de fuzil na porta de casa em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio.
— Às vezes ela ouvia dos parentes perguntas como: “Por que você não muda de área? É muito perigoso”. Mas o militarismo era o que ela mais amava. Ela falava do futuro por lá.
Mas nem tudo se resumia ao trabalho. Vaneza era apaixonada por futebol e pela esposa, Thais, com quem dividia uma casa e a vida.
— Ela não comentava de investigações ou rotina de trabalho conosco. Era policial lá dentro. Aqui fora, era a nossa Vaneza. Gostava de jogar bola e sempre foi muito ligada à família. Dedicada até demais — diz Andreza, novamente em lágrimas.
De acordo com o Disque Denúncia, com a morte da policial sobe para 52 o número de agentes mortos em ações violentas no estado do Rio de Janeiro em 2023. Sendo 46 da Policia Militar, três Policiais Penais, um da Polícia Civil, um do Corpo de Bombeiros e um da Guarda Municipal.