A decisão de Sérgio Cabral de tentar um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF) ou com a Procuradoria-Geral da República (PGR) foi confirmada neste domingo, 23/12.
Condenado a quase 200 anos de prisão, o ex-governador quer usar a delação premiada para tentar sair da cadeia antes de cumprir 30 anos, limite máximo previsto pelo Código Penal.
Quase todas as autoridades que dominaram a política e os principais órgãos de Estado do Rio de Janeiro nos últimos anos já estão envolvidas em processos ou presas. No segundo caso, estão, por exemplo, ex-presidentes da Assembleia, como Jorge Picciani e Paulo Mello, além do governador Pezão, claro. Seis membros do Tribunal de Contas do Estado foram afastados e o presidente do órgão cumpre prisão domiciliar. Em novembro, o ex-procurador-geral de Justiça Cláudio Lopes foi preso, acusado de “blindar” a organização chefiada por Sérgio Cabral, em troca de propina.
Sérgio Cabral poderia dar novas informações que ajudariam nos processos de seus antigos “colaboradores” em esquemas de corrupção. No entanto, isso não seria o suficiente para que o MP ou a PGR se interessassem em lhe conceder algum benefício. Afinal, o ex-governador ocupava um posto de chefia nos esquemas. Sérgio Cabral, no entanto, poderia oferecer agora informações capazes de comprometer membros do Poder Judiciário no estado, que até agora passou incólume pela tsunami.
Sérgio Cabral também teria a oferecer informações sobre a compra de votos para que o Rio sediasse os Jogos Olímpicos, o que interessa particularmente à Procuradoria-Geral da República, já que envolveria autoridades federais. No período da candidatura da cidade do Rio, a prefeitura era ocupada por Eduardo Paes e a presidência por Lula.
Outra área em que Cabral promete trazer revelações, caso a delação seja aceita, é a das obras para a Copa do Mundo. As obras do Maracanã já lhe valeram uma condenação a 14 anos de prisão.