O déficit estimado em R$ 20 bilhões nas contas das geradoras de energia elétrica, em 2014, somado à elevação de gastos dessas empresas este ano, poderá ter um novo impacto na conta de luz dos consumidores, com mais um reajuste extraordinário.
Ainda não há como prever de quanto será o aumento nem quando ocorrerá, mas o rombo cresce e tende a ser repassado aos clientes de todo o país. Entre 2014 e 2015, a conta de luz dos friburguenses aumentou, no mínimo, 50%.
O problema se deve à diferença de preços entre a geração de energia produzida por hidrelétricas e aquela gerada por termelétricas, que é mais cara. Estas são acionadas quando há estresse hídrico, estiagem e baixo nível de água nos reservatórios, o que vem ocorrendo nos últimos anos.
Com menos energia gerada por hidrelétricas, as geradoras tiveram que buscar – nas térmicas e no mercado de curto prazo – a energia mais cara, cumprindo a obrigação de entregar às distribuidoras a quantidade de eletricidade prevista.
Hoje, a inadimplência do setor de geração chega a 47,28%, segundo a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica. Do valor não pago pelas empresas, R$ 891,9 milhões (correspondente a 29,81%) estão cobertos por liminares, ou seja, as geradoras não pagam porque contestam o pagamento na Justiça.
A Aneel já participou de duas reuniões no Ministério de Minas e Energia com representantes das empresas para tentar chegar a um acordo e não repassar o rombo aos consumidores. Uma das propostas é o governo estender o tempo de concessão e oferecer outras cotas àqueles que tiveram prejuízo.
Para o professor Reinaldo Castro, do departamento de Engenharia Elétrica do Centro Técnico Científico da PUC-Rio, o reajuste das contas de energia elétrica virá de qualquer forma.
“Já houve um aumento extraordinário e com certeza vai haver outra. Não se sabe quando. Sutilmente, o governo, pelo nível dos reservatórios, deve baixar para bandeira amarela para, depois, dar mais um reajuste extraordinário. Mas não agora. Se ele faz um reajuste agora, é um tiro no coração. O governo não tem mais condições políticas e econômicas para fazer esse reajuste”, diz.