Encontros virtuais produzem uma espécie de “fadiga do zoom”
No contexto da pandemia do novo coronavírus (covid-19) e do isolamento imposto para conter a disseminação da covid-19, aumentou o uso das plataformas online de videoconferência como forma de manter o contato social entre as pessoas. Mas o excesso de encontros virtuais acabou produzindo uma espécie de “fadiga do zoom”.
Para mostrar o impacto das videoconferências na saúde mental dos brasileiros, a ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) realizou a primeira pesquisa sobre o tema no período de 14 de agosto a 21 de novembro. A sondagem revela a elevação das queixas de pacientes sobre o excesso de trabalho por videoconferências nos últimos cinco meses, recebidas por 56,1% dos psiquiatras associados da ABP entrevistados.
Os pacientes relataram que a “fadiga do zoom” é um fato na vida delas, que elas de fato aumentaram o trabalho via teleconferência e adoeceram, precisaram de ajuda”.
O levantamento foi feito junto aos psiquiatras associados da ABP que atendem no Sistema Único de Saúde (SUS), no sistema privado e suplementar, e mostrou também que 63,3% deles perceberam um aumento de prescrição de psicotrópicos (remédios controlados) para tratar pessoas que tinham a queixa de excesso de trabalho por videoconferência. Os médicos associados da ABP notaram ainda a elevação de 70,1% da necessidade de prescreverem psicoterapia para seus pacientes também com essa fadiga.
Fato novo
É uma situação nova, é um fato novo. Há um cansaço das pessoas em usar a videoconferência, porque ela retira de você toda privacidade, aumenta sua carga de trabalho e sua carga de descanso fica comprometida e isso é, realmente, adoecedor.
As pessoas passaram a trabalhar em casa e os horários rotineiros foram rompidos. Os chefes passaram a entender que as pessoas estão disponíveis 24 horas. No teletrabalho, muitas vezes, as pessoas entram em uma videoconferência às 8h e saem somente ao meio-dia. Houve uma perda dos limites relacionais.
O cuidado com a saúde mental da população deve ser abrangente e direcionado a todos para haver uma mudança de pensamento e comportamento. A saúde mental é a chave para enfrentarmos o cenário atual e seus desdobramentos.
A ABP estima que há 50 milhões de pessoas com algum tipo de doença mental no Brasil. O país engloba o maior número de pessoas com casos de transtornos de ansiedade do mundo. São cerca de 19 milhões de casos, que correspondem a 9% da população. Além disso, o Brasil ocupa o segundo lugar no mundo e o primeiro na América Latina em pessoas com quadros depressivos.
Agência Brasil