CRIME TEVE REPERCUSSÃO NACIONAL E ACUSADO ESTÁ PRESO –
por Jornal Extra
Karen Mancini, de 39 anos, era sorridente, estudiosa, festeira, cheia de amigos e dona de palavras certeiras. Caroline Mancini descreve a irmã como uma solar, uma pessoa que conseguia preencher os ambientes de uma forma natural. Essas características, contudo, teriam começado a desaparecer em 2018, quando os pais morreram. E teriam se extinguido durante o relacionamento de cinco anos com Clodoaldo Queiroz de Oliveira, de 41 anos, que a afastou de amigos, parentes. Ele é suspeito de matá-la no último sábado com mais de 100 golpes, causando hemorragia e traumatismo craniano.
Segundo Caroline, após a morte dos pais, Karen, uma analista do Tribunal de Contas do Rio (TCE-RJ), teria entrado num quadro depressivo, que tentava vencer com ajuda de remédios. Ela teria se afastado do trabalho e de alguns amigos e ficado mais caseira. E foi nesse contexto que ela teria conhecido Clodoaldo, um cantor de bar conhecido por Gustavo.
— No primeiro ano de relacionamento, ele já mostrou um lado mais violento, que se intensificava com o uso de drogas. Era uma relação bastante tóxica. Quando bebiam, os dois brigavam e, quase sempre, ela era vítima de violência doméstica. Ele deixava o copo dela sempre cheio, mesmo eu avisando sobre os remédios que ela tomava. Ele dizia: ‘não, deixa ela’. Todo mundo via o quanto ele a fazia mal, menos a minha irmã. Para a gente, ele se aproveitava dela, da vulnerabilidade dela, do dinheiro dela — desabafa.
Caroline, que trabalha como policial no Espírito Santo, conta que veio para o Rio diversas vezes para atender aos pedidos de socorro da irmã. Quando chegava à casa dela, o casal já tinha feito as pazes.
— Karen relutava muito em acreditar que o Clodoaldo não era boa pessoa. Para ela, é como se ele só fosse agressivo sob o efeito de drogas. Falar mal dele era comprar uma briga com ela, que sempre acreditava que ele iria melhorar. Havia muita manipulação da parte dele, que, de certa forma, resolveu se encostar na minha irmã, foi matando ela aos poucos. Primeiro, afastando-a de todos os amigos.
A policial conta que a situação insinuou melhorar em novembro passado, quando Karen percebeu um desfalque em sua conta no banco: um prejuízo de quase R$ 100 mil no cheque especial. O autor teria sido Clodoaldo, que tinha acesso às contas e aos cartões. Os dois brigaram a ponto dos vizinhos intervirem. Naquele momento, a analista do TCE-RJ foi à delegacia pedir medida protetiva contra o marido.
— A Karen já estava muito sozinha, era difícil estar com ela numa situação de vulnerabilidade em que ela não queria ajuda. A minha irmã achava que era culpada pelas brigas, pela agressividade do marido. Depois do golpe, ela pediu a medida, e soubemos que ele se mudou para a Bahia. Parecia que estava tudo resolvido, mas não.
Caroline afirmou que uma internação de Karen em clínica psiquiátrica, logo depois da medida protetiva, foi motivo de distanciamento entre as duas, que teriam parado de se falar desde a época. Segundo ela, Karen não queria receber ajuda psicológica nem passar por desintoxicação. Saiu do hospital e se mudou para Lumiar, ficando longe todo mundo.
— A gente parou de se falar. Ela achava que eu queria interná-la a qualquer custo, como uma forma de afastá-la do Clodoaldo. E não era isso, eu queria que ela ficasse bem. De certa forma, acho que essa ida para Lumiar foi um jeito de os dois recomeçarem, em um lugar onde ninguém sabia do que se passava entre eles. É muito triste isso tudo. Ela não merecia esse fim. Clodoaldo acabou com a vida da minha irmã.
Karen foi encontrada morta no sábado, por policiais militares, em Lumiar, Nova Friburgo. O mandado de prisão contra o marido dela, Clodoaldo Queiroz, conhecido como Gustavo, foi emitido às 18h de domingo, quando o laudo de necrópsia apontou que Karen havia sido assassinada. Ele foi localizado por policiais militares na manhã de segunda-feira, em um ônibus com destino ao Rio. Ele foi encaminhado para a Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de Friburgo.