Por O Globo — Rio de Janeiro
Suspeito dos crimes de importunação sexual e estupro de vulnerável, o Padre Alexandre Paciolli Moreira de Oliveira vai para prisão domiciliar integral. A Justiça acolheu um pedido da defesa do religioso, que alegou que ele precisa de repouso, cuidados de higiene e fisioterapia por causa de uma cirurgia de grande porte na coluna, realizada em 20 de março. O padre, denunciado pelo Ministério Público do Rio (MPRJ), foi preso recentemente, em Fortaleza, no Ceará.
De acordo com a denúncia do Ministério Público, Paciolli teria cometidos os crimes de importunação sexual e estupro de vulnerável contra uma mesma mulher, em agosto de 2022 e janeiro de 2023, respectivamente, na cidade de Nova Friburgo, na Região Serrana do Rio. As investigações foram realizadas pela Promotoria de Justiça de Investigação Penal de Nova Friburgo.
Na decisão, a juíza Simone Dalila Nacif Lopes, da 1ª Vara Criminal da Comarca de Nova Friburgo, afirmou que “a despeito de o acusado responder por crime grave, supostamente praticado mediante abuso da fé alheia, tal fato por si só não tem o condão de gerar a sua prisão preventiva de forma automática, e diante da gravidade do procedimento realizado no requerente, a prisão deve ser convertida em domiciliar, aplicando-se o princípio humanitário constitucional, positivado no artigo 5º, incisos III, XLVII, alíneas “a” e “e”, e XLIX da Constituição Federal”.
A magistrada listou as medidas cautelares que padre deve seguir: comparecimento mensal ao juízo de sua residência para justificar e comprovar o endereço; proibição de se ausentar da comarca de sua residência sem a autorização do juízo; comparecimento a todos os atos judiciais portando cópia da decisão pela prisão domiciliar; apresentar, mensalmente ao juízo, por meio de seus advogados, um relatório médico detalhado e atualizado atestando seu estado de saúde; e proibição de manter contato com a vítima e as testemunhas por qualquer meio de comunicação.
O descumprimento de qualquer uma dessas medidas cautelares pode levar Paciolli a ser preso preventivamente de novo.
Procurada, a defesa do padre afirmou que “em virtude da situação atual do processo e de sua complexidade, nos manifestaremos no momento oportuno”.
A Me Too Brasil, que acompanha a vítima que denunciou o padre, informou que ela deve contestar a decisão judicial. Em nota, a organização afirmou que “lamenta a escolha, que prejudica o bem-estar emocional e psicológico da vítima, colocando-a em risco de intimidação, e alerta para a possibilidade de fuga do acusado. Inclusive, não há informações de que seu passaporte internacional foi apreendido, se possui passaporte missionário, ou se tem dupla cidadania”.