Justiça afasta deputada estadual por suspeita de ligação com a milícia

18/12/2023 08:51:19
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LUCINHA, DO PSD, SERIA A “MADRINHA” DA FACÇÃO MAIS VIOLENTA DO ESTADO DO RIO –


Por César Tralli, TV Globo e GloboNews


O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro determinou o afastamento do cargo, por tempo indeterminado, da deputada estadual Lúcia Helena Pinto de Barros, a Lucinha, do PSD.


Ela também é alvo de buscas, nesta segunda-feira, 18/12, da Operação Batismo, da Polícia Federal (PF) e da procuradoria-geral de Justiça do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ).


A investigação aponta que a deputada é considerada o braço político da milícia de Luis Antônio da Silva Braga, o Zinho, uma das mais poderosas e violentas do Rio e com forte atuação na região populosa de Campo Grande e Santa Cruz, na Zona Oeste da capital fluminense.


De acordo com a força-tarefa, Lucinha é chamada de “madrinha” pelos paramilitares de Zinho.


A Justiça expediu 8 mandados de busca e apreensão contra a deputada. Entre os endereços estão o gabinete de Lucinha na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), no Centro do Rio, e na casa dela, em Campo Grande. Outro alvo de buscas nesta segunda é Ariane de Afonso Lima, uma de suas funcionárias.


Além de afastá-la do mandato, a Justiça proibiu Lucinha de frequentar as sedes da Alerj – tanto o Palácio Tiradentes quanto o novo prédio da Casa, o Alerjão.


O QUE DIZEM AS INVESTIGAÇÕES
A ação desta segunda-feira é um desdobramento da Operação Dinastia, deflagrada pela PF em agosto de 2022, para tentar prender Zinho e 22 de seus comparsas por uma “matança generalizada” na guerra entre facções. Oito foram presos.


As investigações começaram em 2021 no Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MPRJ), que apurava o assassinato de um policial por parte de milicianos ligados ao Bonde do Zinho.


Com o avanço das investigações, houve compartilhamento de dados por parte do Ministério Público e pedido de abertura de inquérito à PF para aprofundar as conexões criminosas praticadas pela milícia.
Segundo apuração da TV Globo com fontes do MPRJ e da polícia, quebras de sigilos telefônicos e telemáticos de suspeitos revelaram o envolvimento da deputada Lucinha e de uma assessora dela com a cúpula da milícia do Zinho.


Os indícios mais graves levantados, segundo promotores e policiais, contra a deputada estadual:


. suspeita de interferência na segurança pública do Rio para a soltura de milicianos presos em flagrante;


. tentativa de mudança no comando do batalhão da PM em Santa Cruz, área sob domínio do Zinho;


. vazamento de informações sobre operações policiais para captura de milicianos;


. suspeita de atuação política para favorecer o transporte público de vans sob comando da milícia, na Zona Oeste.

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