Incansável na luta para viabilizar a indicação de Nova Friburgo para conseguir o Hospital Regional de Oncologia, o médico Luiz Antônio Santini não é mais o diretor-geral do Instituto Nacional do Câncer (Inca), no Rio de Janeiro. Sem nenhuma explicação, ele foi demitido do cargo pela secretária de Atenção à Saúde (SAS) do Ministério da Saúde, Lumena Furtado.
Doutor Santini é uma pessoa muito próxima de Nova Friburgo, cidade onde ele exerceu o cargo de secretário municipal de Saúde na década de 80 (gestão Heródoto Bento de Mello). Como secretário de Nova Friburgo coordenou na ocasião a implantação do projeto do cartão saúde do município.
A decisão de afastá-lo foi recebida no instituto como a gota d’água de um processo de esvaziamento que está retirando do Inca a liderança das políticas de Saúde em câncer, para reduzi-lo a um mero hospital de assistência.
As desconfianças provocadas pela saída de Santini, após dez anos no comando do Inca, foram reforçadas pela divulgação do plano orçamentário anual do Ministério da Saúde, que excluiu o Inca das ações nacionais. Entre elas, a campanha de redução do tabagismo, da qual o instituto é pioneiro. Os recursos foram limitados a uma única ação de manutenção dos serviços.
Nomeado em 1995 pelo então ministro da Saúde, José Gomes Temporão, Santini gostava de dizer que sempre entrou no Inca “como se fosse a primeira vez, pela alegria de iniciar mais uma jornada”. Saiu como se fosse a última, “pela certeza do dever cumprido”. Ao cruzar pela última vez a porta do instituto com o diretor, no dia 13 de maio, levou mais incertezas do que convicções. Pare ele, é um erro diminuir o protagonismo do Inca, transferindo as ações contra o câncer para um departamento do Ministério da Saúde, em Brasília:
“Estão descartando 78 anos de experiência do Inca como se o câncer, segunda maior causa de morte do país, pudesse ser tratado como mais uma doença”, desabafa.
Um dos orgulhos da equipe de Santini foi a campanha antitabagista lançada nos anos 1990. Encabeçada pelo Inca, fez a taxa de fumantes do país despencar de 36% da população, em 1989, para 12% no ano passado.
O novo diretor do Inca, Paulo Eduardo Xavier de Mendonça, é considerado um médico estranho aos quadros do Inca. O Ministério da Saúde informa que “a troca ocorrida na gestão do Instituto Nacional de Câncer (Inca) faz parte da rotina administrativa e não acarretará em nenhum prejuízo aos atendimentos e serviços oferecidos pelo Instituto”.