PF vê indícios de propina para Sérgio Cabral em obras da tragédia de 2011

10/02/2017 11:00:16
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Relatório da Polícia Federal aponta indícios de cobrança de propina por parte da suposta quadrilha comandada pelo ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) até em obras emergenciais contratadas logo após a tragédia na região Serrana do Rio, em janeiro de 2011. A informação foi publicada pelo jornal Folha de São Paulo nesta quinta-feira, 9.

Segundo a Folha, a suspeita surgiu a partir da análise sobre planilhas apreendidas na casa de José Orlando Rabello, apontado como operador do ex-secretário Hudson Braga. Os dois estão presos, assim como o ex-governador, desde novembro após a deflagração da Operação Calicute.

De acordo com os papéis apreendidos, a propina cobrada podia chegar até a 8% do valor total das obra emergenciais, dos quais Cabral, segundo a PF, ficava com a metade. O Estado firmou contatos sem licitação de cerca de R$ 147 milhões com verbas do governo federal.

Cerca de mil pessoas morreram ou desapareceram nas chuvas de janeiro de 2011 em Friburgo, Teresópolis, Petrópolis, Bom Jardim, Sumidouro, São José do Vale do Rio Preto e Areal. O desastre é considerada a maior tragédia climática do Brasil.

Segundo a PF, as planilhas sobre o programa de resposta a desastre indicam que 2% estavam destinados a “BSB”. A PF supõe se tratar alguém ligado ao governo federal à época, já que os recursos vieram parcialmente do Ministério da Integração.

Também há indícios a pagamento de propina para pessoas de fora da estrutura do Estado nas obras do programa “Asfalto na Porta”, de asfaltamento de cidades no interior. O projeto custou cerca de R$ 700 milhões, com financiamento do Banco do Brasil.

Nas planilhas encontradas sobre o programa, há a destinação de 2% para “BR”. Para a PF, trata-se “possivelmente algum político de nível nacional, ou diretório nacional do PMDB”.

As obras na região Serrana e do “Asfalto na porta” ainda não haviam sido citadas nas investigações da Operação Lava Jato no Rio.

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