Estudo revela que apenas duas noites na natureza podem ser o que você necessita para descansar o suficiente e evitar o cansaço típico das segundas-feiras.
Uma pesquisa afirma que passar um final de semana acampando, exposto à luz natural e longe de aparelhos eletrônicos, pode ter profundo impacto no ritmo cardíaco e ajudar a dormir mais cedo. Segundo os pesquisadores, que avaliaram voluntários enviados a um camping nas montanhas de Colorado, nos Estados Unidos, os efeitos podem ser ainda mais potentes no inverno.
De acordo com Kenneth Wright, professor de fisiologia da Universidade do Colorado em Boulder e líder do estudo, nosso relógio biológico influencia muito mais do que o nosso sono. Em comunicado, ele afirma que estudos anteriores já associaram nosso tempo de sono à diminuição na performance cognitiva, distúrbios de humor, diabetes e obesidade. Os resultados de sua pesquisa mostram a importância de investir em arquiteturas que aproveitem melhor a luz natural, além de passar menos tempo perto de dispositivos que emitem luz, como tablets e celulares, para evitar distúrbios do sono e outros problemas de saúde.
Em 2013, Wright já havia estudado o impacto do ambiente moderno no sono. Ele enviou cinco voluntários de 21 a 39 anos para passar uma semana acampando no verão e depois mediu seus níveis de melatonina – hormônio que prepara o corpo para o sono. Durante a experiência, os participantes foram proibidos de usar tochas ou lâmpadas durante a noite. Quando retornaram, os cientistas descobriram que a concentração de melatonina presente no sangue dos voluntários começou a subir duas horas antes do normal, perto do pôr do sol, e cair mais cedo também, sinalizando o início do dia. Em outras palavras, o relógio biológico se ajustou ao sol do verão.
Para investigar se as estações do ano e o tempo que os acampantes passavam na natureza influenciavam os resultados, o pesquisador decidiu realizar outros dois estudos. No primeiro, ele recrutou 14 voluntários – nove foram enviados a um acampamento por um final de semana durante o verão e os outros cinco permaneceram em casa. Ao fim do período estipulado, comparando as análises feitas com amostras de saliva, os cientistas descobriram que os níveis de melatonina começavam a mudar cerca de uma hora e meia antes nos acampantes, evidenciando que mesmo poucos dias na natureza já eram suficientes para produzir um impacto positivo no organismo.
No segundo estudo, Wright realizou os mesmos procedimentos, dessa vez com cinco voluntários que passaram uma semana acampando durante o inverno. Amostras de melatonina foram coletadas a cada hora durante 24 horas assim que os participantes retornaram. As medidas indicaram que eles ficaram expostos a uma quantidade de luz 13 vezes maior durante o dia do que um final de semana normal em suas casas. Enquanto estavam no acampamento, dormiram mais cedo e acordaram mais tarde – e quando voltaram, os cientistas perceberam que seus níveis de melatonina começavam a subir cerca de duas horas e meia mais cedo do que o usual.
Sem a presença de luz artificial, o sono noturno dos voluntários naturalmente se alongou para se adaptar à estação, como acontece com a maioria dos animais. “Isso já foi assumido, mas nunca demonstrado”, Wright afirma. Ele explica que quando a luz atinge os fotoreceptores presentes nos olhos, altera o relógio biológico e desencadeia uma série de respostas no organismo, influenciando não só o sono mas também a produção dos hormônios que fazem o metabolismo funcionar.
No entanto, o pesquisador ressalta que, para quem não consegue viajar para passar um final de semana na natureza, é possível colocar o ritmo do sono em dia dentro de casa também. Uma dica é passar mais tempo exposto à luz natural durante o dia e desligar os aparelhos eletrônicos antes de dormir.
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