O WhatsApp anunciou nesta sexta-feira (15) que decidiu adiar o prazo para que o público revise a sua nova política de privacidade, que gerou críticas por aparentemente facilitar o compartilhamento de dados entre o aplicativo e o seu dono, o Facebook.
O WhatsApp disse ainda que há muita desinformação a respeito da mudança e reforçou que o Facebook não terá acesso às mensagens e dados sigilosos de usuários após a mudança nos termos. “O que você compartilha com seus amigos e família fica entre vocês”, diz a empresa.
Além disso, o WhatsApp diz que “ninguém terá sua conta suspensa ou apagada em 8 de fevereiro”, em referência ao fato de que quem não concordar com os novos termos será impedido de usar o aplicativo. O que mudou, nesse sentido, foi a data máxima para as pessoas decidirem se concordam ou não com a alteração.
A mudança de postura do WhatsApp vem após uma onda de críticas e uma explosão de popularidade entre os aplicativos rivais, como Telegram e, especialmente, o Signal, recomendado por nomes influentes na tecnologia como Elon Musk (chefe da Tesla), Edward Snowden (ex-analista de dados e ativista dos direitos digitais), Jack Dorsey (chefe do Twitter) e Brian Acton, que é um dos criadores do próprio WhatsApp e hoje trabalha com o concorrente.
Afinal, o que muda no WhatsApp? Embora tenha havido alarde sobre a nova política de privacidade, para especialistas não está totalmente claro o que será extraído e compartilhado com as empresas do grupo Facebook, que inclui, além das redes sociais, empresas de análise e monitoramento de comportamento, voltado para marketing digital.
Quais dados são coletados e compatilhados pelo WhatsApp e o Facebook?
As informações que o WhatsApp irá compartilhar com outras empresas do Facebook não incluem o conteúdo das conversas, que têm criptografia ponta a ponta, mas apenas os dados sobre o uso do aplicativo. O conteúdo das mensagens continua protegido, sejam conversas em texto, áudios, fotos, vídeos.
O que será compartilhado são os chamados metadados — os dados sobre os dados. De acordo com Mariana Rielli, líder de projetos da Associação de Pesquisa Data Privacy Brasil, isso inclui informações como:
A frequência e tempo de uso do WhatsApp;
O horário de uso do aplicativo;
O tempo que a pessoa usa o aplicativo;
Identificadores do smartphone, como device ID (um identificador único vinculado ao aparelho e que é usado bastante para publicidade digital);
O consumo da bateria;
Versão do aplicativo utilizada;
Idioma;
Fuso horário em que a pessoa está.
Quando o WhatsApp é utilizado na versão web, o app coleta ainda os cookies (arquivos que contém dados das páginas que o usuário acessa na internet), qual navegador está sendo utilizado no computador e o endereço IP.
Com o WhatsApp investindo cada vez mais na versão Business, há um interesse maior do Facebook em intermediar pagamentos e compras — e usar as informações que coleta dos usuários para melhorar esse negócio.
Boa parte dessas informações já estava sendo coletada desde 2016, quando o WhatsApp fez uma mudança na política de privacidade que também gerou burburinho. Na época, houve a possibilidade de escolher não compartilhar algumas dessas informações. Essa possibilidade durou 30 dias, e os usuários que perderam essa janela de oportunidade não tinham mais controle sobre o compartilhamento.
Apesar de a coleta de informações não ser nova, ainda há problemas envolvidos, segundo ela. Não é por isso que os novos termos de uso não são problemáticos. A grande maioria das pessoas não tinha se tocado que durante todo esse tempo estavam compartilhando esses dados e elas não poderiam tomar atitude de não compartilhar. A nova política evidenciou isso.