Passei muito tempo querendo ser cronista

10/03/2016 10:58:30
Compartilhar

Passei muito tempo querendo ser cronista, função que exerci algumas vezes ao longo dos últimos 20 anos. A primeira função do cronista é… abordar um tema. Eu, tantas vezes achei chata e arbitrária essa função, que preferi, em alguns casos também por gosto, escrever sobre a falta de assunto – o nada mesmo. Alguns leitores me compreendiam, e um elogio do polêmico e talentoso ator friburguense, Carlito Marchon, à minha capacidade de “escrever sobre nada” guardo na memória até hoje.

Além do assunto, outra questão importante para o cronista é o espaço – mais exatamente, o número de linhas. Publiquei anos no “Século XXI”, jornal alternativo que vigora até hoje, acomodando as palavras – e o tema – em espaço pequeno, não mais do que 20 linhas. Depois, publicando no meu próprio blog, espaço é o que não falta. Burilava o raciocínio para ocupar, no mínimo, uma página.

E daí, né? E você com isso? Daí que apesar do enorme espaço disponível, no mundo virtual o leitor tem pouca paciência para muitos parágrafos. A rede pede textos curtos. Eu, que achava isso o cúmulo da ignorância e relutava em me adaptar, me sinto novamente desafiada. É que o tema já não é mais um problema. Dividindo meu tempo entre Rio e Friburgo, entrando e saindo da cidade a cada dez dias, tem um assunto que me chama ostensivamente a atenção: o matagal.

A vegetação urbana da nossa cidade tem se apresentado em desordem sistemática. Em vários lugares, o mato ultrapassa a altura do meio fio – isso no centro ou na entrada principal. Árvores e arbustos de alguns canteiros seguem cercados de mato alto. Melhor nem falar da vegetação à beira dos rios. Diante de tantos problemas urbanos, do trânsito, da saúde e da educação, essa falta de cuidado chama a atenção. Um detalhe. Mas um tema que vale a escrita. Você me acompanha, leitor? Vem comigo!

Compartilhar