PREJUÍZO AOS COFRES PÚBLICOS É DE QUASE R$ 250 MILHÕES –
Entre as milhares de pessoas que recebiam salários via cargos secretos do Ceperj, o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) identificou 259 pessoas que estão ou estiveram presas. Antes dos presidiários, foram detectados nomes de parentes de políticos, de funcionários públicos, de cabos eleitorais e até de mortos.
Na lista de presos ou ex-presos levantada pelo MP constam oito pessoas que, até maio, ainda cumpriam pena no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, e na Cadeia Pública de Benfica. Entre eles, dois estão presos por tráfico de drogas, uma por sequestro e estelionato, e um por homicídio.
É a situação de Leandro Marques da Silva, que está no presídio Plácido Sá Carvalho, em Bangu. Ele foi preso em 2016 acusado de matar um homem em Japeri, na Baixada Fluminense. Leandro recebeu R$ 5.805,00 do Ceperj entre maio e julho.
Também está na lista Vicente Cunha Vieira Mello, preso em fevereiro depois de ser acusado de sequestrar o filho de um traficante e exigir R$ 300 mil reais.
Atualmente, ele está detido no presídio Nelson Hungria, em Bangu. Oito dias antes de ser preso, Vicente recebeu R$ 2,3 mil do Ceperj.
Tem ainda Gilcélio Porto, preso em 2015 por tentativa de homicídio contra o então prefeito de Paraty, na Costa Verde, Carlos José Gama Miranda. O crime foi motivado por uma disputa de terrenos, e o prefeito levou um tiro de raspão na cabeça.
Entre maio e junho, Gilcélio – que cumpre pena em Bangu – recebeu quase R$ 5 mil do governo do estado. Já Luis Felipe Costa Rodrigues foi preso em abril por sequestro e estelionato, e ganhou a liberdade no dia 21 de maio. seis dias depois ele fez um saque no valor de R$ 2,3 mil.
TABELA ANEXADA AO PROCESSO
O MP anexou a tabela com os nomes de 259 presidiários e ex-presidiários ao processo que investiga as contratações do Ceperj na Justiça. Os promotores também enviaram um ofício ressaltando o levantamento de informações.
Essa semana, o jornal O Globo revelou que também estava na lista do Ceperj Alexandre Motta de Souza, preso em 2019 por guardar fuzis para Ronnie Lessa, ex-PM acusado de matar a vereadora Marielle Franco.
Ele recebeu R$ 5.738,80, e ocupava um cargo de auxiliar operacional do programa RJ para Todos. Há duas semanas, o RJ2 mostrou que um homem que se identifica como pai do traficante Chico Bento também estava na lista do Ceperj.
Ele trabalha na coordenação do programa Cidade Integrada no Jacarezinho, área dominada pelo traficante. Desde julho, o MP está investigando a contratação de 27 mil pessoas feitas sem transparência pelo Ceperj.
QUASE R$ 250 MILHÕES GASTOS
Foram gastos mais de R$ 248 milhões na contratação para programas do governo do estado como o Esporte Presente, Casa do Trabalhador e RJ para Todos.
Todos os contratados estavam fora da folha do estado, e recebiam através de ordens de pagamento na boca do caixa de agencias bancárias.
O Tribunal de Contas do Estado e o MP Eleitoral também investigam as contratações.