Dez por cento dos homens nunca foram ao médico e quase 90% são levados por uma mulher às consultas
Rio – Se o assunto é cuidar da saúde, eles preferem desconversar, e continuar a falar de futebol. Dez por cento dos homens nunca foram ao médico e quase 90% são levados por uma mulher às consultas, revela pesquisa brasileira. Especialistas alertam: o descuido pode manter doenças graves ‘escondidas’ e levar os homens a óbito mais rápido. Em média, eles morrem três anos antes do que elas.
O alerta é do levantamento ‘Conhecimento dos homens brasileiros sobre Andropausa’, feito pelo Data Folha, em parceria com a farmacêutica Lilly. Foram entrevistados 855 brasileiros com mais de 40 anos, de 133 municípios. Alexandre Hohl, diretor da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, alerta que a maioria das mortes está relacionada a doenças cardiovasculares, como enfarte e Acidente Vascular Cerebral (AVC). Segundo ele, os problemas podem ser evitados se forem detectados a tempo alguns dos ‘gatilhos’ que os provocam, como por exemplo diabetes e hipertensão.
“Existe uma ‘síndrome do super-homem’. Muitas vezes, eles não valorizam as alterações no corpo, acham que não podem ficar doentes. Os únicos problemas que fazem os homens procurarem o médico são impotência sexual e queda de libido”, disse, acrescentando que, a partir dos 40 anos, a recomendação é ir, anualmente, ao clínico médico.
O porteiro Carlos Alberto da Conceição, 49 anos, não integra as estatísticas dos homens que fogem das consultas. Ele conta que procura o médico sempre que percebe algo diferente no corpo. Morador do Catumbi, Carlos recorre à Clínica da Família Sérgio Vieira de Melo, no mesmo bairro. Nos últimos meses, ele tem visitado mais a unidade, já que a esposa, Silvanete Campos, 37, faz o pré-natal lá. “Não faço corpo mole para ir ao médico. Quero, inclusive, fazer o exame da próstata, porque já estou na idade”.
Ainda segundo a pesquisa, 52% dos entrevistados nunca foram ao urologista. Nesse caso, de acordo com o diretor do Instituto de Urologia e Nefrologia de Rio Claro, Geraldo Faria, o principal risco é descobrir o tumor na próstata em estágio avançado, o que reduz as chances de cura. “Um em cada seis homens terá câncer de próstata, e o êxito do tratamento depende do diagnóstico precoce”, afirma.
Outro tema com o qual eles não se preocupam é a andropausa. De acordo com Alexandre, o mal, que se caracteriza pela redução da produção do hormônio masculino (testosterona), afeta de 10% a 20% dos homens. Os principais sintomas, diz o especialista, são cansaço, fraqueza, além de alteração da função sexual, do sono e da memória. “Existe a reposição hormonal para os homens que melhora os sintomas e devolve a qualidade de vida”.
Fonte: O Dia