Estreia esta semana em Nova Friburgo o aguardado 007 – Sem Tempo para Morrer. Depois de muitos adiamentos, chega ao final a era de Daniel Craig como protagonista do espião mais famoso dos cinemas de todos os tempos. Algumas questões precisam ser avaliadas. Craig foi o único James Bond que teve início, meio e fim interpretando o espião britânico. Isso é muito relevante e é amplamente explorado no filme. Outra questão, é que essa era Craig foi marcada por apresentar um 007 mais “realista”, que sofre, apanha e que faz grandes sacrifícios para cumprir as missões. Isso é muito presente no roteiro e justifica algumas escolhas feitas. O filme é dividido em duas partes. A primeira possui os elementos do tradicional 007, com perseguições e carros adaptados, barcos e belas locações. Já a segunda parte, a busca pelo drama toma que conta da narrativa, o que distancia muito do personagem original criado por Ian Fleming. Isso pode dividir os fãs da franquia. O grande problema mesmo do roteiro é o vilão e isso não tem como contornar. Rami Malek não consegue entregar um bom trabalho e possivelmente ficou limitado com um personagem tão mal construído. Outro problema é a aparição de Christoph Waltz, totalmente perdido sem qualquer função. O elenco ainda conta com as boas participações de Léa Seydoux, Lashana Lynch, Ben Whishaw, Naomie Harris e Ralph Fiennes. Um destaque importante é a trilha sonora composta por Hans Zimmer que entrou no projeto e utilizou tanto alguns temas referenciais, como adicionou peso dramático para a segunda metade, o que ele sempre faz muito bem. Com a falência da MGM e todas as incertezas que pairaram sobre a franquia, uma coisa não posso negar, é a coragem que o roteiro carrega. Observe que em momento algum eu revelo qualquer informação sobre enredo. Aguarde por grandes surpresas. Resumindo, é uma produção imperdível que pode não ter a qualidade de Casino Royale, mas fecha bem quase duas décadas de Craig a frente da franquia 007. Vale muito o ingresso e a indicação etária é para maiores de 14 anos.
Outra estreia desta semana é Ainbo: A Menina da Amazônia. Animação peruana, o longa trata de um assunto batido, mas necessário e busca fórmulas simples e sem muita inventividade para contar a aventura de uma jovem índia que precisa salvar a sua aldeia e preservar a floresta. Gosto de assistir aos filmes sem muita informação e a primeira impressão que fica, é a de uma Amazônia muito diferente do que estamos acostumados. Os espaços explorados são em grande parte em árvores, incluindo as moradias, e as pinturas na pele dos habitantes e toda a estética utilizada remete a povos mais próximos aos Andes. Outra questão que fica bem clara, é a qualidade limitada do 3D o que é compreensível. Na verdade, o que vemos é semelhante aos games do PS3 ou do primeiro Xbox. O roteiro também deixa a desejar com um enredo muito simplório utilizando elementos óbvios para impulsionar a ação narrativa. É tudo muito dado e sem qualquer margem para dúvidas. Dos olhos do vilão reluzem luzes vermelhas, só para dar um exemplo. Ainda assim é louvável ver um filme realizado por produtores Peruanos e Holandeses, que buscam ir além do olhar das animações norte-americanas. Infelizmente ficaram presos ao manual de roteiro básico para o cinema. Vai agradar as crianças, mas somente aos menores. A indicação etária é livre para todas as idades.
Sugestão: Para assistir em casa a dica desta semana vai para Minari: Em Busca da Felicidade que estrou para o catálogo da Amazon Prime Video. O filme era um dos favoritos ao Oscar de Melhor Filme em 2021 e conta a luta de uma família de descendência Coreana que busca realizar um sonho em uma fazenda no Arkansas. Belo, sensível e relevante, é sem dúvida um dos melhores lançamentos dos últimos anos.
