Filmes da semana de 15/10 até 21/10

16/10/2021 17:42:06
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Estreia esta semana em Nova Friburgo Halloween Kills: O Terror Continua. Essa é uma franquia que iniciou em 1978 com John Carpenter e trezentos mil dólares, e virou uma referência para o gênero terror. Muitas foram as sequências, algumas muito ruins, mas em 2018 Michael Myers ressurge descartando todos os outros filmes menos o primeiro, criando um novo ponto para a franquia. Halloween Kills funciona como o terceiro filme da sequência antes de Halloween Ends com previsão de lançamento para 2022. Novamente Michael Myers retorna como a representação do mal supremo e seque trazendo terror para a fictícia cidade de Haddonfield. Um ponto positivo foi a estética que o diretor David Gordon Green buscou usando as mesmas referências do original, como tomadas abertas, câmera parada e foco nos detalhes para trazer tensão. Algumas cenas, como a do carro e na escada, são inspiradas no primeiro filme e isso carrega referências e elos positivos. Os outros pontos que vão agradar é a violência extrema com muito sangue, fãs de terror adoram, e o debate que é levantado quando a massa “burra” vai para as ruas gritando “o Mal acaba esta noite” com bastões e armas em punho. É a manipulação dos grupos sociais, tão evidente no contexto atual. Alguns problemas são bem evidentes e o roteiro se perde em vários momentos. Jamie Lee Curtis, que interpreta a protagonista, passa o filme todo no hospital e não consegue sair disso, assim como muitos outros personagens são mal aproveitados. O grande problema está no roteiro que não faz nada além de evidenciar o mal supremo sem uma base psicológica por trás. Um trunfo utilizado que nunca falha é a trilha criada por Carpenter com o piano em um compasso 5/4 fora do “padrão” e que incomoda e identifica a franquia. A impressão que fica é de um filme caça níquel, mas, para quem aprecia o gênero, isso pouco importa. Vale sim o ingresso e a indicação etária é para maiores de 16 anos. 

Outra estreia desta semana é Fátima – A História de um Milagre. O premiado diretor italiano Marco Pontecorvo de Cartas para Julieta escreveu e dirigiu esta produção que é muito familiar aos brasileiros por se tratar de um acontecimento em Portugal e ligado a religião predominante em nosso país. O enredo se baseia em relatos históricos e utiliza múltiplos recursos narrativos como flashbacks, teatro de sombras e muitas panorâmicas. Pontecorvo é inteligente e sabe o que quer. A escolha de Sonia Braga para interpretar a Irmã Lucia e de Harvey Keitel como o professor que busca respostas é perfeita. As cenas com os dois dialogando é a cereja desse bolo. O filme, porém, tem alguns problemas. A trilha sonora não é boa e fica forçando a barra usando exageros para tentar trazer peso dramático o tempo todo. É importante a força narrativa que a trilha incorpora, mas não dessa forma. Outro problema é que o filme se resume a um público específico. Segue a cartilha das produções voltadas para questões religiosas exaltando a fé e a virtude, principalmente em momentos difíceis como foi na primeira guerra mundial. A questão não é sobre o tema, afinal é o milagre de Fatima, mas de como foi conduzida a narrativa. Uma história pode ser contada de várias formas e a escolha aqui, foi a cartilha das produções religiosas para devotos e simpatizantes. É importante dizer que se trata de um bom filme e competente naquilo que se propõe. Visualmente é belo e possui uma distinção estética inteligente para diferenciar os períodos históricos sem economizar recursos entregando cenas grandiosas. Vale sim o ingresso, apesar de ser direcionado a um público específico e a indicação etária é para maiores de 12 anos. 

A última estreia desta semana é Amarração do Amor. Comédia romântica é o gênero mais produzido e assistido do cinema nacional. Isso se deve a questões como orçamentos baixos, alta qualidade dos atores e da natureza dos brasileiros de não se levarem muito a sério. Dirigido por Caroline Fioratti, o filme utiliza a fórmula tradicional de apresentar o problema, criar situações embaraçosas e gerar a solução através de uma reviravolta transformadora. Não existe novidades quanto a isso nesta produção, mas isso não importa. O que vale mesmo é que Fioratti utilizou bem os elementos narrativos, mesmo que patinando em clichês inevitáveis, o resultado é um filme divertido e que levanta um debate importante e necessário. O enredo é sobre um casal de namorados que decidem se casar mas, por estarem em núcleos religiosos diferentes, se deparam com uma verdadeira batalha entre as famílias para realizar a cerimônia de casamento. Esse é um campo fértil para boas piadas e ainda uma forma de combater a intolerância religiosa. O grande trunfo desta produção, como não poderia ser diferente, é o elenco. Samya Pascotto e Bruno Suzano formam uma ótima dupla e com boa química. O elenco de apoio sustenta a comédia com carisma e talento. Ary França, Malu Valle e Cacau Protásio fazem tudo ficar engraçado e, apesar do pouco tempo de tela, ver Berta Loran mais uma vez no cinema já vale o ingresso. Boa opção para quem gosta da comédia nacional e é importante valorizarmos nosso cinema que foi tão afetado pela pandemia e resiste de forma exemplar e inspiradora. A indicação etária é para maiores de 12 anos. 

Sugestão:  A dica desta semana para assistir em casa vai para Round 6. Possivelmente você já viu ou ouviu falar desta série coreana que desde a sua estreia, está em primeiro lugar no top 10 do catálogo da Netflix no Brasil. É uma das melhores surpresas do ano e sucesso em todo o mundo. Isso aconteceu pela qualidade da produção e pelo enredo que vai muito além dos personagens e questiona a sociedade de forma dura e violenta. É um jogo de sobrevivência que mistura ganância, egos inflados, moralidade e amor, capaz de revelar o melhor e pior da psique humana. Vale pela produção, roteiro e pela reflexão que provoca. 

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