Estreia esta semana em Nova Friburgo Free Guy: Assumindo o Controle. O experiente diretor Shawn Adam Levy de A Pantera Cor de Rosa (2006) e Uma Noite Fora de Série, retorna aos cinemas após uma contribuição em Stranger Things, e consegue desenvolver bem a criativa ideia por trás do roteiro inspirado em games como Grand Theft Auto entre outros. Com muitos efeitos em CGI, é necessário que compremos a proposta desde o início o que diminui a impressão de que existe um excesso de efeitos digitais, afinal, trata-se de um videogame. Os pontos fortes desta produção estão na ideia principal e no elenco. A condução narrativa nos leva a descobrir junto com o protagonista, que ele está preso a uma sequência de eventos. É um tipo de Matrix ao contrário, a jornada do herói improvável. No elenco podemos destacar Ryan Reynolds, com o mesmo personagem de sempre e a jovem Jodie Comer, vencedora do Emmy e que vem surpreendendo com uma carreira meteórica. Já Lil Rel Howery, Joe Keery e Taika Waititi são mal aproveitados. Destaque para as boas participações de Channing Tatum e Chris Evans. O roteiro, apesar da ótima premissa que carrega, acaba entregando mais do mesmo, o que decepciona. É sempre o herói, o vilão caricata e o romance pouco provável e tudo mais. São muitas as referências o que vai agradar e não se faz necessário ter um conhecimento prévio do GTA ou qualquer outro game. Divertido, bem produzido e inusitado, Free Guy escorrega ao buscar soluções fáceis mas consegue entregar um bom entretenimento. Vai agradar principalmente pela exuberância visual e pelo carisma e o humor rápido do protagonista. Vale muito o ingresso e a identificação etária é para maiores de 12 anos.
A outra estreia desta semana é Caminhos da Memória. Dirigido e roteirizado por Lisa Joy de Westworld, esse é aquele típico teste de fogo que pode fazer a carreira de um cineasta decolar ou vai decepcionar. Infelizmente ainda não foi desta vez para Joy. O filme tem tudo para agradar, menos uma trama realmente interessante. Na verdade, ela é desenvolvida lentamente, de forma arrastada e sem empolgação. O enredo trata de uma investigação em um futuro distópico em que um detetive consegue capturar as lembranças das pessoas através de uma máquina de imersão. Tudo fica complicado quando ele percebe fazer parte da própria investigação. O elenco conta com nomes de peso como Hugh Jackman e Rebecca Ferguson, além de Thandiwe Newton e Cliff Curtis. Lisa Joy acertou ao revisitar o Film Noir, muito utilizado nos anos 40 em virtude da Segunda Guerra Mundial. Como os recursos eram escassos, se fizeram necessários alguns ajustes. A presença de um narrador, por exemplo, era importante para costurar a ação dramática o que ajuda ao público a compreender melhor a história mesmo com a ausência de cenas e diversos outros elementos narrativos. O filme trata de questões interessantes, tem ótima referências e uma cenografia bem construídas, mas não emplaca ao buscar soluções por simples impulso, e ao tentar amarrar as motivações com uma relação piegas e pouco desenvolvida. Não chega a ser um filme ruim, mas decepciona pelos nomes envolvidos com essa produção. Vale sim o ingresso e a identificação etária é para maiores de 14 anos.
Sugestão: A dica desta semana para assistir em casa vai para Duas Rainhas. Recém-chegado ao catálogo da Netflix, o filme de Josie Rourke não é fiel aos acontecimentos históricos mas traduz muito do ambiente majestoso em que as cortes conviviam em detrimento da submissão da população. Estrelado pelas belas Saoirse Ronan e Margot Robbie, elas rivalizam em uma luta por poder em um enredo focado no olhar feminino. Uma grande produção de época que ainda consegue ser atual.
