Estreia em Nova Friburgo o aguardado Duna. Esse é certamente o maior desafio da carreira do aclamado cineasta Denis Villeneuve. Com larga experiência em ficção científica e filmes como Blade Runner 2049 e A Chegada, Villeneuve roteirizou e dirigiu o que é possivelmente a adaptação mais complexa da literatura no gênero, tanto pela complexidade da trama, quanto pela grandiosidade da obra escrita por Frank Herbert. Considerado o novo Senhor dos Anéis, o filme é na verdade a primeira parte de uma trilogia ainda não confirmada pela Warner e tem a difícil missão de apresentar o universo de Duna para todos os públicos, principalmente para quem não tem qualquer conhecimento da obra. Villeneuve consegue fazer isso de forma inteligente, sem subestimar o público e apostando na experiência imersiva que o filme carrega. É tudo incrivelmente grandioso. São muitos planos abertos, os cenários são épicos, assim como a trilha sonora do Hans Zimmer é poderosa. Os efeitos visuais beiram a perfeição e nos fazem acreditar que tudo aquilo que estamos vendo é real. A direção de arte também merece elogios. A fotografia nos transporta para o ambiente seco e desolador de Arrakis. O figurino aposta na aridez, tudo fosco e com tons pasteis, sem qualquer brilho. O enredo descreve um futuro distante em que uma família administra a exploração em um planeta conhecido como Duna de uma especiaria rara que tem a propriedade de estender a vida. Estamos diante de colonização, resistência, luta por poder e hierarquias baseadas em classes. Só para pontuar, tudo isso lembra muito Game of Thrones e isso é devido ao fato de que essas obras beberam de uma mesma fonte. Outro ponto forte é o elenco com nomes como Rebecca Ferguson, Jason Momoa, Stellan Skarsgård, Javier Bardem e Josh Brolin entre muitos outros. O protagonista é interpretado pelo ótimo Timothée Chalamet, que transmite a força do herói jovem e predestinado. Pode não agradar muito aos puristaf, mas Villeneuve precisou fazer escolhas e isso sempre cria desafetos. Duna é poderoso, impactante e vai deixar um forte registro na história cinematográfica. Vou aproveitar e explicar uma questão simples, principalmente para quem não conhece esse universo. As batalhas ocorrem com espadas mesmo com toda a tecnologia disponível. Isso ocorre por conta dos dispositivos de defesa que dão um tom azulado ao guerreiro e impede que a projéteis ou qualquer coisa com muita velocidade penetrem a essa proteção. Isso não é explicado no filme e não precisa. Importante a dica de que a experiência ao assistir nos cinemas vai proporcionar muito mais imersão e faz toda diferença. Vale muito o ingresso e a indicação etária é para maiores de 14 anos.
A outra estreia desta semana é Ron Bugado. Produzido pela Locksmith Animation e com distribuição da Disney, esta animação é uma grata surpresa que merecia ter recebido mais divulgação, mas foi tratada como um projeto menor e chega aos cinemas de forma tímida e despretensiosa. O que chama a atenção em Ron Bugado é o tema abordado e o carisma dos personagens. A qualidade da animação é ótima e vai agradar tanto aos adultos como as crianças. O enredo é sobre um menino frustrado por não ter um robô com inteligência artificial que se tornou uma febre entre os jovens. Sem amigos e solitário em seu aniversário, seu pai consegue um desses robôs mas, ao ligar o dispositivo, um problema impede que os dados sejam carregados o que leva a dupla a uma jornada de aprendizado e companheirismo. O tema abordado é de grande relevância e trata da nossa busca por aparelhos inovadores como fonte de status e necessidades. O menino é ignorado por não ter o “aparelho” da moda e as pessoas preferem interagir com essas máquinas muitas vezes ignorando quem está ao lado. A animação faz na verdade uma mistura de crítica social e tecnológica, levando a uma reflexão também direcionada aos adultos em relação aos hábitos que nossos filhos estão adquirindo. Claro que o roteiro cai em muitas armadilhas com estereótipos, mas isso não tira o brilho da proposta. O jovem Barney sofre bullying na escola de uma forma bem clichê, mas ele vive com o seu pai, diferente da tradicional família com a mãe e uma irmã mais nova, por exemplo. Ainda bem que a Disney só distribuiu. Ron Bugado é uma ótima animação e com uma mensagem forte de amizade e tolerância. Vale muito o ingresso e a indicação etária é livre para todas as idades.
Sugestão: A dica para assistir em casa nesta semana vai para Você. Com a terceira temporada estreando na Netflix, finalmente Round 6 saiu da primeira posição do Top 10 Brasil da plataforma de streaming. A série conta as desventuras de um stalker que seduz belas mulheres mas, vivendo em um relacionamento, ele não consegue esconder sua psicopatia por muito tempo e as consequências sempre levam a complicações inusitadas e pessoas implorando por suas vidas. Desta vez ele está casado, com um filho e vivendo em um típico subúrbio onde todo mundo se mete nas vidas uns dos outros. Já dá para imaginar que isso não vai acabar bem. A temporada tem o início morno, mas o final é forte e empolgante.
