Estreia esta semana nos cinemas em Nova Friburgo Thunderbolts. Finalmente a Marvel Studios consegue revitalizar e fazer uma correção de rumo do seu universo cinematográfico ao reunir uma equipe de anti-heróis em uma narrativa mais contida e centrada nos personagens. Dirigido por Jake Schreier, conhecido por seu trabalho em “Paper Towns” e na série “Beef”, o filme adota uma abordagem mais introspectiva, explorando temas como trauma e identidade. O roteiro, coescrito por Eric Pearson, Joanna Calo e com contribuições de Lee Sung Jin, busca equilibrar ação com profundidade emocional, embora ainda trabalhe com fórmulas já conhecidas. O enredo segue a linha temporal com o colapso dos Vingadores e diante de novas ameaças globais, o governo dos EUA monta uma força-tarefa não convencional formada por ex-agentes, soldados instáveis e figuras com passados duvidosos. Os membros do grupo são confrontados não apenas por inimigos externos, mas por seus próprios dilemas éticos, traumas mal resolvidos e a constante dúvida sobre quem realmente está no comando. À medida que a missão se complica, o que parecia um serviço sujo a serviço da paz revela-se parte de um jogo político muito maior. O filme explora a tensão entre lealdade e redenção, questionando se figuras consideradas “descartáveis” pelo sistema ainda podem encontrar um propósito. No elenco Florence Pugh entrega uma interpretação envolvente equilibrando fragilidade emocional e determinação, Sebastian Stan traz uma nova dimensão para o personagem, assumindo um papel de maior responsabilidade dentro da equipe e a Lewis Pullman insere um elemento instável e introspectivo ao grupo. Ainda temos David Harbour, Wyatt Russell, Hannah John-Kamen e Julia Louis-Dreyfus com dinâmicas que oscilam entre tensão e cumplicidade. Resumindo, o filme oferece uma perspectiva mais sombria e introspectiva dentro do universo Marvel, destacando-se por suas performances e foco no desenvolvimento dos personagens, embora não revolucione o gênero. É certamente um passo na direção de narrativas mais maduras e complexas. Vale sim o ingresso e a indicação etária é para maiores de 14 anos.
Outra estreia nesta semana é Homem Com H. Mais uma cinebiografia nacional chega aos cinemas. Desta vez, temos a trajetória de Ney Matogrosso, um dos artistas mais icônicos e transgressores da música e cultura brasileira. O diretor Esmir Filho constrói a narrativa com uma estrutura fragmentada e sensorial, evitando uma cronologia rígida. O que temos é uma costura das memórias da infância de Ney Matogrosso com momentos intensos de suas apresentações, criando um contraste que revela tanto os traumas silenciosos quanto a força expressiva de sua arte. A montagem favorece uma lógica emocional, onde cada performance funciona como uma extensão íntima do protagonista, dispensando explicações e fugindo da fórmula tradicional das cinebiografias. Apesar dessa ousadia formal, o longa perde parte de sua originalidade na reta final. Ao tentar resumir os últimos anos da vida de Ney de forma mais direta, o filme assume um tom apressado e mais convencional, o que quebra a fluidez poética construída anteriormente. Essa mudança abrupta, embora compreensível do ponto de vista narrativo, acaba diluindo parte do impacto emocional. No elenco temos Jesuíta Barbosa que não imita o Ney Matogrosso, ele o recria sua fisicalidade, voz, gestual e sua presença cênica. Temos ainda Bruno Montaleone, Hermila Guedes, Carol Abras e Jullio Reis, entre outros, todos oferecendo camadas adicionais à narrativa ao representar figuras importantes da vida de Ney, seja nos bastidores artísticos ou nos laços afetivos. Essa é uma das melhores cinebiografias do cinema nacional dos últimos anos e entrega uma obra que combina sensibilidade artística com relevância cultural, oferecendo uma representação poderosa e necessária de um dos artistas mais representativos do Brasil. Vale muito o ingresso e a indicação etária é para maiores de 16 anos.
A última estreia desta semana em Nova Friburgo é Screamboat: Terror a Bordo. Quem não lembra do clássico “Steamboat Willie” de 1928, que marca a primeira aparição do Mickey Mouse? Daqui partiu a ideia em transformar o icônico personagem em um assassino em série, explorando o subgênero de terror conhecido como “splatstick”, uma fusão de violência gráfica e humor negro. Essa é uma tendência que utiliza um personagem que carrega uma imagem tradicional de inocência e alegria, subvertendo sua essência, em um filme de baixo orçamento focado em chamar a atenção pela estranheza que causa. De certa forma, podemos entender que a representação do Mickey como uma figura monstruosa serve como metáfora para a exploração comercial desenfreada de propriedades intelectuais, mas essa é uma interpretação. O diretor Steven LaMorte, também corroteirista ao lado de Matthew Garcia-Dunn, construiu uma sátira sangrenta ambientada em uma balsa de Staten Island. A narrativa acompanha passageiros que enfrentam um rato mutante e homicida, interpretado por David Howard Thornton, conhecido por seu papel em “Terrifier”. O tom cômico é interessante ao profanar marcas poderosas como a Disney, mas o filme tem problemas de ritmo, principalmente na primeira metade. Embora a ideia seja provocativa, a realização é insuficiente em termos de originalidade e coesão narrativa. O filme pode agradar a fãs de horror satírico e aqueles interessados em revisões subversivas de personagens clássicos, mas como filme, deixa muito a desejar. A indicação etária é para maiores de 18 anos.
Para assistir em casa a dica desta semana vai para a última temporada de Você que chegou ao catálogo da Netflix. Finalmente a quinta temporada revela o destino do psicopata obsessivo. Série adorada e odiada por muitos, o fato é que ela prende a atenção e vai agradar, principalmente quem já acompanha Joe Goldberg em sua jornada de destruição e mortes.